Corrida contra o tempo para terminar o acelerador de partículas do Brasil


Cientistas brasileiros estão correndo contra o tempo para concluir a construção de um acelerador de partículas do tamanho do estádio de futebol do Maracanã antes que os fundos do governo acabem ou que sejam substituídos por tecnologia rival.

O síncrotron de quarta geração, chamado Sirius, está na fase final de construção e será usado para fazer avanços na medicina, saúde, energia e meio ambiente.

As obras do gigantesco acelerador de partículas em Campinas, a cerca de 90 quilômetros de São Paulo, começaram em 2015.

Espera-se que seis feixes de luz síncrotron estejam operacionais em 2020 – menos dos 13 cientistas esperados, mas suficientes para o início dos testes.

“O tempo é muito importante na ciência”, disse Harry Westfahl Jr, diretor científico do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).

“Se pudéssemos rodar (o acelerador) hoje, seria sem dúvida o síncrotron mais eficiente do mundo.

“Se daqui a uma década, será um excelente síncrotron, mas não o mais competitivo”.

O acelerador de partículas mede 518 metros (1.700 pés) de circunferência e deve custar um total de US $ 585 milhões.

Até agora, o LNLS recebeu apenas 30% dos fundos para este ano do Ministério da Ciência e Tecnologia.

O financiamento para pesquisa científica foi espremido por governos anteriores, [que deixaram um rombo gigantesco, forçando a mais cortes ainda hoje em dia] e o futuro fluxo de dinheiro para Sirius está em dúvida.

“Ainda incertezas”

“Certamente ainda existem incertezas”, disse Jose Roque, diretor do LNLS, à AFP.

“Por enquanto, nada indica que não poderemos terminar (o projeto) no próximo ano.”

Apenas um outro acelerador existe no mundo, o MAX IV na Suécia.

A França também está atualizando seu síncrotron de terceira geração, que deve estar pronto no próximo ano.

O Sirius irá gerar luz síncrotron, uma fonte de radiação eletromagnética, com um brilho tão intenso que pode revelar as estruturas de material orgânico e inorgânico, como proteínas, vírus, rochas, plantas e ligas metálicas, tudo em alta resolução.

O Brasil entrou no pequeno clube de países com tecnologia síncrotron em 1997 com o UVX, um acelerador de segunda geração, o único do gênero na América Latina.

O projeto Sirius foi originalmente planejado para ser uma atualização do UVX em um acelerador de terceira geração.

Mas a equipe científica decidiu dar um salto e construir um líder mundial.

“Não vejo outro instrumento com um alcance tão diverso quanto este”, disse Junior à AFP, enquanto caminhava pela máquina em forma de anel que se assemelha ao icônico estádio do Maracanã no Rio de Janeiro, não apenas em tamanho, mas também em forma.

Junior disse que o financiamento público para o projeto era essencial.

“Um discurso obscurantista pode levar a questionar a utilidade de certos aspectos (da ciência)”, diz ele.


Publicado em 30/09/2019

Artigo original: https://phys.org/news/2019-09-finish-brazil-particle.html


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