Cabeça no céu: menina brasileira de 8 anos é chamada de astrônoma mais jovem do mundo

A astrônoma brasileira Nicole Oliveira, de 8 anos, posa para uma foto com seu telescópio em Fortaleza, Brasil, em 21 de setembro de 2021.

Quando Nicole Oliveira estava começando a aprender a andar, ela jogava os braços para cima para alcançar as estrelas no céu.

Hoje, com apenas oito anos de idade, a brasileira é conhecida como a astrônoma mais jovem do mundo, em busca de asteroides por meio de um programa afiliado à NASA, participando de seminários internacionais e encontros com as principais figuras do espaço e da ciência de seu país.

No quarto de Oliveira, repleto de cartazes do sistema solar, foguetes em miniatura e figuras de Star Wars, Nicolinha, como é carinhosamente conhecida, trabalha em seu computador estudando imagens do céu em duas grandes telas.

O projeto, chamado Asteroid Hunters, tem como objetivo apresentar aos jovens a ciência, dando-lhes a chance de fazer suas próprias descobertas espaciais.

É administrado pela International Astronomical Search Collaboration, um programa de ciência cidadã afiliado à NASA, em parceria com o Ministério da Ciência do Brasil.

Radiante de orgulho, Nicolinha disse à AFP que já encontrou 18 asteróides.

“Vou dar a eles nomes de cientistas brasileiros, ou de membros da minha família, como minha mãe ou meu pai”, disse a animada garota de cabelos castanhos escuros e voz estridente.

Nicole Oliveira, de 8 anos, conhecida como Nicolinha, foi considerada a mais jovem astrônoma do mundo.

Se suas descobertas forem comprovadas, o que pode levar vários anos, Oliveira se tornará a pessoa mais jovem do mundo a descobrir oficialmente um asteróide, quebrando o recorde do italiano Luigi Sannino, de 18 anos.

“Ela realmente tem olho. Ela imediatamente avista pontos nas imagens que parecem asteróides e costuma avisar os colegas quando eles não têm certeza se encontraram algum”, disse Heliomarzio Rodrigues Moreira, professor de astronomia de Oliveira em uma escola particular da cidade de Fortaleza, no Nordeste do Brasil, que frequenta com bolsa de estudos.

“O mais importante é que ela compartilhe seus conhecimentos com outras crianças. Ela contribui para a divulgação da ciência”, acrescentou Rodrigues Moreira.

‘Paixão pela Astronomia’

A família de Nicolinha mudou-se para Fortaleza de sua cidade natal, Maceió, a cerca de 1.000 quilômetros de distância, no início deste ano, depois que Nicolinha recebeu uma bolsa para cursar a prestigiosa escola. Seu pai, um cientista da computação, foi autorizado a manter o emprego via teletrabalho.

“Também gostaria que todas as crianças do Brasil tivessem acesso à ciência”, diz Nicole Oliveira.

?Quando ela tinha dois anos, ela erguia os braços para o céu e me perguntava: ‘Mãe, me dá uma estrela’, disse sua mãe, Zilma Janaca, 43, que trabalha com artesanato.

“Percebemos que essa paixão pela astronomia era séria quando ela nos pediu um telescópio de presente de aniversário quando ela fez quatro anos. Eu nem sabia o que era um telescópio”, acrescentou Janaca.

Nicolinha estava tão decidida a comprar um telescópio que disse aos pais que o trocaria em todas as suas futuras festas de aniversário. Mesmo assim, esse presente era muito caro para a família e a menina só o ganhou quando fez 7 anos e todos os seus amigos juntaram dinheiro para a compra, disse sua mãe.

À medida que continuava os estudos, Nicolinha matriculou-se em um curso de astronomia que teve que diminuir de 12 o limite de idade para alunos.

Em seu canal no YouTube, Nicolinha entrevistou figuras influentes como a astrônoma brasileira Duilia de Mello, que participou da descoberta de uma supernova chamada SN 1997D.

A astrônoma brasileira Nicole Oliveira, de 8 anos, trabalha em seu computador em sua casa tentando descobrir asteróides como parte de um programa educacional afiliado à NASA.

No ano passado, Oliveira viajou a Brasília para se encontrar com o ministro da Ciência e também com o astronauta Marcos Pontes, o único brasileiro até agora que já esteve no espaço.

Quanto às suas ambições, Nicolinha quer se tornar engenheira aeroespacial.

“Quero construir foguetes. Adoraria ir ao Kennedy Space Center da NASA na Flórida para ver seus foguetes”, disse ela.

“Também gostaria que todas as crianças do Brasil tivessem acesso à ciência”, diz ela.


Publicado em 01/10/2021 12h37

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