Universidade de Oxford acaba de injetar os primeiros participantes de um experimento com a vacina COVID-19


A Universidade de Oxford está lançando um teste em humanos de uma potencial vacina contra o coronavírus, com o objetivo assustador de disponibilizar ao público uma campanha de vacinação bem-sucedida no final deste ano.

Dos mais de 100 projetos de pesquisa em todo o mundo para encontrar uma vacina – descrita pelas Nações Unidas como a única rota de volta à “normalidade” – sete estão atualmente em testes clínicos, segundo a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Esses testes já estão em andamento na China e nos Estados Unidos e devem começar no final deste mês na Alemanha, onde a autoridade federal de vacinas deu sinal verde na quarta-feira.

O governo britânico apóia fortemente o trabalho da Universidade de Oxford, e os primeiros testes em humanos deveriam começar na quinta-feira, disse o ministro da Saúde Matt Hancock.

Ele elogiou o “desenvolvimento promissor”, ressaltando que normalmente levaria “anos” para atingir tal estágio de desenvolvimento da vacina.

Em sua primeira fase, metade dos 1.112 voluntários receberá a vacina potencial contra o COVID-19, a outra metade será uma vacina de controle para testar sua segurança e eficácia.

As voluntárias têm entre 18 e 55 anos, estão em boa saúde, não apresentaram resultado positivo para COVID-19 e não estão grávidas ou amamentando.

Dez participantes receberão duas doses da vacina experimental, com quatro semanas de intervalo.

A equipe da professora Sarah Gilbert espera uma taxa de sucesso de 80% e planeja produzir um milhão de doses até setembro, com o objetivo de torná-la amplamente disponível no outono, se for bem-sucedida.

Mas as equipes que realizam essa pesquisa dizem em seu site que esse cronograma é “altamente ambicioso” e pode mudar.

O chefe médico do governo, Chris Whitty, reconheceu na quarta-feira que a probabilidade de receber uma vacina dentro de um ano era “incrivelmente pequena”.

“Se as pessoas esperam que repentinamente mude de onde estamos confinados para onde de repente tudo se foi, isso é uma expectativa totalmente irrealista”, alertou.

Jogo financeiro

A estratégia de não esperar que cada etapa seja concluída antes do lançamento da produção é uma “aposta” financeira, de acordo com Nicola Stonehouse, professor de virologia molecular da Universidade de Leeds.

Mas a crise atual torna a aposta necessária, disse ela à AFP.

A vacina Oxford é baseada em um adenovírus de chimpanzé, que é modificado para produzir proteínas em células humanas que também são produzidas pelo COVID-19.

Espera-se que a vacina ensine o sistema imunológico do corpo a reconhecer a proteína e ajudar a impedir que o coronavírus entre nas células humanas.

Sabe-se que a vacina contra adenovírus desenvolve uma forte resposta imune com uma dose única e não é um vírus replicante; portanto, não pode causar infecção, tornando-a mais segura para crianças, idosos e pacientes com doenças subjacentes, como diabetes.

O governo, criticado pela mídia por lidar com a crise, criou uma força-tarefa no fim de semana passado para coordenar os esforços de pesquisa e desenvolver a capacidade de produzir em massa uma vacina assim que disponível, de onde vier.

Também está apoiando pesquisas no Imperial College London, que espera iniciar ensaios clínicos em junho.

Sua pesquisa se concentra em uma vacina que explora um princípio diferente, usando o RNA, as moléculas mensageiras que constroem proteínas nas células, para estimular o sistema imunológico.

Encontrar uma vacina é a única maneira possível de trazer o mundo de volta à “normalidade”, alertou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, na semana passada, pedindo uma aceleração dos projetos.

A ONU adotou na segunda-feira uma resolução pedindo acesso “equitativo, eficaz e rápido” a uma possível vacina.


Publicado em 26/04/2020 10h28

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