Relembre o caso em que cientistas retiraram estudo que alegava ´sequela de arritmia causada pela Cloroquina´ e pediram desculpas


Publicado em 22 maio de 2020, na Revista The Lancet, o estudo afirmava que o uso de quatro protocolos diferentes de medicamentos “todos usando hidroxicloroquina” não surtiu efeito sobre o vírus SARS-CoV-2, agente causador da Covid-19. O estudo relata que um dos efeitos colaterais descritos na bula dos medicamentos, a arritmia cardíaca, colocou em risco a vida de pacientes de diversos grupos, desde os menos severos até os que estavam em estado crítico.

Porém, três dos quatro autores do estudo que indicava que a cloroquina aumentava os riscos de arritmia cardíaca nos pacientes, afirmaram que não é possível garantir a veracidade dos dados do trabalho, de acordo com o comunicado divulgado no dia 4 de junho de 2020, no próprio site da revista científica britânica The Lancet.

“Nós não podemos mais garantir a veracidade das fontes dos dados primários. Por causa deste desenvolvimento infeliz, os autores pedem que o artigo seja retratado”, afirma o médico e cientista Mandeep Mehra, em comunicado.

A mídia mundial inteira usou esse estudo para causar o caos, impossibilitar o tratamento com o medicamento, e inflar o número de vítimas pelo vírus chinês. E agora, simplesmente não citam a retratação da revista, que pode ser visualizada no site da The Lancet.

Veja o que a BBC, que também é britânica assim como o The Lancet, disse a respeito:

Por que cientistas tiveram que se retratar por estudo que negava efeito da cloroquina contra o coronavírus

O periódico científico The Lancet anunciou na tarde desta quinta-feira (4/06) que um artigo publicado em 22 de maio refutando os benefícios da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento para a covid-19 foi retratado.

A retratação de um artigo é prevista nos protocolos de periódicos renomados quando algum tipo de má conduta, fraude ou erro é detectado.

O processo é semelhante ao de uma correção ? mas, quando esta é considerada insuficiente para dar conta do problema encontrado, é preciso retratá-lo. Frequentemente, são os próprios autores que submetem ao periódico um pedido de retratação.

Após críticas de outros pesquisadores ao artigo do Lancet, que originalmente usou dados de 96 mil pacientes em 671 hospitais de seis continentes, três de seus autores afirmaram que solicitaram uma auditoria independente do trabalho da empresa Surgisphere Corporation e de seu fundador e coautor da publicação, Sapan Desai. Os dados coletados pela empresa em seu sistema foram base para o artigo.

“Nossos revisores independentes nos informaram que a Surgisphere não transferiria o conjunto de dados completo (…) já que isto violaria contratos com clientes e compromissos com a confidencialidade. Assim, nossos revisores não foram capazes de conduzir uma revisão por pares independente e privada e, portanto, notificaram-nos de sua retirada do processo”, escreveram os autores na nota de retratação.

“Com esse desenrolar dos fatos, não podemos mais garantir a veracidade das fontes de dados primárias. Devido a esse acontecimento infeliz, os autores solicitam a retirada do artigo.”

“Todos nós entramos nesse trabalho conjunto para contribuir de boa fé e em um momento de grande necessidade durante a pandemia da covid-19. Lamentamos profundamente a você, editores e leitores do periódico, por qualquer constrangimento ou inconveniência que isso possa ter causado.”

A revista científica também publicou sua própria nota, afirmando que o aviso de retratação será incluído em breve na página onde está o artigo, que com isso não poderá mais ser citado por outros autores em sua bibliografia.

“O Lancet leva a integridade científica extremamente a sério, e há muitas questões pendentes sobre o Surgisphere e os dados que teriam sido incluídos neste estudo”, diz a nota.

– Há diversas outras fontes na Internet. Uma simples pesquisa por “The Lancet cloroquina” retorna centenas de resultados.


Publicado em 22/01/2021 21h31

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