O asteróide assassino de dinossauros pode ter atingido a Terra no ângulo mais mortal possível

Figura do cenário de impacto para o impacto Chicxulub. (Collins et al., Nature Communications, 2020)

Sabíamos isso: há cerca de 66 milhões de anos, um asteróide com o dobro do diâmetro de Paris colidiu com a Terra, destruindo todos os dinossauros que habitam a terra e 75% da vida no planeta.

O que permaneceu um mistério foi se foi um golpe direto ou mais um golpe de relance, e qual seria mais destrutivo.

De acordo com um estudo publicado terça-feira na Nature Communications, a rocha espacial gigante atingiu o ângulo “mais mortal possível” – 60 graus.

O impacto cataclísmico levou detritos e gases suficientes para a atmosfera superior a ponto de mudar radicalmente o clima, condenando o Tyrannosaurus rex e tudo o que ele sempre quis extinção.

Analisando a estrutura da cratera de 200 quilômetros de largura (125 milhas) no sul do México, onde o asteróide atingiu, os cientistas realizaram uma série de simulações.

Modelagem de impacto. (Collins et al., Nature Communications, 2020)

O autor principal Gareth Collins, do Imperial College London e colegas da Universidade de Freiburg e da Universidade do Texas em Austin, analisaram quatro possíveis ângulos de impacto – 90, 60, 45 e 30 graus – e duas velocidades de impacto, 12 e 20 quilômetros por segundo ( 7,5 e 12,4 milhas por segundo).

O melhor ajuste com os dados da cratera foi uma greve de 60 graus.

“Sessenta graus é um ângulo de impacto mais letal porque ejeta uma quantidade maior de material com rapidez suficiente para envolver o planeta”, disse Collins à AFP.

“O impacto de Chicxulub provocou uma extinção em massa porque expulsou grandes quantidades de poeira e gás da cratera com rapidez suficiente para dispersar ao redor do globo”.

Se o asteróide tivesse atingido a cabeça em um ângulo mais oblíquo, não seriam jogados tantos detritos na atmosfera, acrescentou.

Grandes quantidades de enxofre na forma de pequenas partículas que permaneceram suspensas no ar bloquearam o Sol, esfriando o clima em vários graus Celsius.

Rochas ‘rebote’

Fumaça, cinzas e detritos envolveram a atmosfera, destruindo a maioria das plantas e acabando com 75% das espécies da Terra.

Pensa-se também que Chicxulub provocou um terremoto cujas ondas sísmicas atingiram Tanis – o local fóssil a 3.000 km de distância em Dakota do Norte, onde foram descobertas evidências definitivas do impacto devastador do asteróide – em apenas 13 minutos.

O choque sísmico provocou uma torrente de água e detritos de um braço de um mar interior conhecido como Via Marítima Interior Ocidental.

Até agora, os cientistas só conseguiram estudar os estágios iniciais do impacto. Os pesquisadores vasculharam dados geológicos coletados durante uma escavação recente para entender melhor como o cataclismo se desenrolou.

Eles logo perceberam que o asteróide, desde que se supunha, não se aproximava da Terra a partir do sudeste.

“Nosso trabalho anula essa hipótese”, explicou Collins.

“A elevação central da cratera está inclinada levemente para o sudoeste, e simulações numéricas do impacto reproduzem isso”.

As descobertas podem levar a uma maior compreensão sobre como as crateras são formadas em geral.

As simulações em 3D, por exemplo, sugerem que as rochas “se recuperam” para preencher parte da camada de impacto durante o estágio final da formação das crateras, um processo que leva apenas alguns minutos, os pesquisadores conjeturaram.

Os cientistas ainda estão tentando descobrir exatamente como o asteróide desencadeou um evento de extinção em massa e por que algumas espécies sobreviveram enquanto outras não.

“O impacto de Chicxulub foi um dia muito ruim para os dinossauros”, disse Collins, acrescentando que a nova pesquisa mostrou que era “ainda pior” do que se pensava anteriormente.

“Torna ainda mais notável que a vida sobreviveu e se recuperou tão rapidamente quanto”.


Publicado em 27/05/2020 18h12

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