Descoberta de pterossauros resolve mistério de penas antigas

Reconstrução artística do pterossauro emplumado Tupandactylus, mostrando os tipos de penas ao longo da parte inferior da crista: monofilamentos escuros e penas ramificadas de cores mais claras. Crédito: © Nicholls 2022 Copyright Bob Nicholls

Uma equipe internacional de paleontólogos descobriu novas evidências notáveis de que pterossauros, parentes voadores dos dinossauros, foram capazes de controlar a cor de suas penas usando pigmentos de melanina.

O estudo, publicado na revista Nature, foi liderado pelos paleontólogos da University College Cork (UCC) Dr. Aude Cincotta e Prof. Maria McNamara e Dr. Pascal Godefroit do Instituto Real Belga de Ciências Naturais, com uma equipe internacional de cientistas do Brasil e Bélgica.

O novo estudo é baseado em análises de uma nova crista fossilizada de 115 milhões de anos do pterossauro Tupandactylus imperator do nordeste do Brasil. Os pterossauros viveram lado a lado com os dinossauros, de 230 a 66 milhões de anos atrás.

Esta espécie de pterossauro é famosa por sua enorme crista bizarra. A equipe descobriu que a parte inferior da crista tinha uma borda difusa de penas, com penas curtas semelhantes a cabelos e penas ramificadas fofas.

“Nós não esperávamos ver isso”, disse o Dr. Cincotta. “Durante décadas, os paleontólogos discutiram se os pterossauros tinham penas. As penas em nosso espécime encerram esse debate para sempre, pois são muito claramente ramificadas ao longo de todo o seu comprimento, assim como as aves de hoje.”

A equipe então estudou as penas com microscópios eletrônicos de alta potência e encontrou melanossomos preservados – grânulos do pigmento melanina. Inesperadamente, o novo estudo mostra que os melanossomos em diferentes tipos de penas têm formas diferentes.

Reconstrução artística do pterossauro emplumado Tupandactylus, mostrando os tipos de penas ao longo da parte inferior da crista: monofilamentos escuros e penas ramificadas de cores mais claras. Crédito: Copyright Julio Lacerda

“Nas aves de hoje, a cor das penas está fortemente ligada à forma do melanossoma”, disse o Prof. McNamara. “Como os tipos de penas dos pterossauros tinham diferentes formas de melanossoma, esses animais devem ter tido a maquinaria genética para controlar as cores de suas penas. Essa característica é essencial para o padrão de cores e mostra que a coloração era uma característica crítica até mesmo das primeiras penas.”

Graças aos esforços coletivos de cientistas e autoridades belgas e brasileiras que trabalham com um doador privado, o notável espécime foi repatriado para o Brasil. “É tão importante que fósseis cientificamente importantes como este sejam devolvidos aos seus países de origem e conservados com segurança para a posteridade”, disse o Dr. Godefroit. “Esses fósseis podem ser disponibilizados aos cientistas para estudos adicionais e podem inspirar futuras gerações de cientistas por meio de exposições públicas que celebram nossa herança natural”.


Publicado em 23/04/2022 18h02

Artigo original:

Estudo original: