doi.org/10.1038/s42003-024-06965-1
Credibilidade: 989
#Idioma
Dados de ressonância magnética com uma grande amostra mostram que pessoas que falam um segundo idioma têm uma conectividade aprimorada em todo o cérebro.
A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de formar novas conexões e se adaptar em resposta ao ambiente. Essa plasticidade é mais pronunciada na infância, quando o cérebro cria rapidamente novas conexões em resposta a estímulos, como a linguagem.
Pesquisas anteriores já demonstraram que aprender um segundo idioma pode ter efeitos positivos na atenção, no envelhecimento saudável e até na recuperação após uma lesão cerebral. Um novo estudo do The Neuro (Instituto-Hospital Neurológico de Montreal) da Universidade McGill, da Universidade de Ottawa e da Universidade de Zaragoza, na Espanha, explora o papel do bilinguismo na cognição, mostrando que ele aumenta a eficiência da comunicação entre diferentes regiões do cérebro.
Visão Geral do Estudo e Métodos:
Os cientistas recrutaram 151 participantes que falavam francês, inglês ou ambos os idiomas e registraram a idade em que cada um aprendeu o segundo idioma. Os participantes foram submetidos a exames de ressonância magnética funcional (fMRI) em estado de repouso, que registraram a conectividade do cérebro como um todo, em vez de focar em regiões específicas, como era feito em estudos anteriores sobre bilinguismo.
Os exames mostraram que os participantes bilíngues tinham uma conectividade maior entre as regiões cerebrais do que os monolíngues, sendo essa conectividade mais forte entre aqueles que aprenderam o segundo idioma em uma idade mais jovem. Esse efeito foi especialmente significativo entre o cerebelo e o córtex frontal esquerdo.
Os resultados refletem estudos anteriores que mostraram que as regiões do cérebro não funcionam isoladamente, mas interagem entre si para compreender e produzir linguagem. A pesquisa também já havia mostrado que uma maior eficiência em todo o cérebro melhora o desempenho cognitivo.
Implicações do Estudo:
Este novo estudo oferece mais informações sobre como o bilinguismo influencia as conexões cerebrais que usamos para pensar, nos comunicar e vivenciar o mundo ao nosso redor.
“O nosso trabalho sugere que aprender um segundo idioma durante a infância ajuda construindo uma organização cerebral mais eficiente em termos de conectividade funcional”, afirma Zeus Gracia Tabuenca, o primeiro autor do estudo. “Os resultados indicam que quanto mais cedo ocorre a experiência com o segundo idioma, maior é o número de áreas do cérebro envolvidas na neuroplasticidade. Por isso, observamos uma conectividade mais elevada do cerebelo com o córtex em exposições mais precoces a um segundo idioma.”
Publicado em 19/10/2024 12h25
Artigo original:
Estudo original: