doi.org/10.1038/s41380-024-02785-1
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#Esquizofrenia
Os cientistas estão usando uma técnica inovadora para observar de perto uma molécula importante, chamada receptor AMPA, que está envolvida na comunicação entre os neurônios em pessoas com diferentes transtornos psiquiátricos.
Desafios nos Transtornos Psiquiátricos
Transtornos como esquizofrenia, transtorno bipolar e autismo são comuns, mas ainda é difícil diagnosticá-los e tratá-los. Os médicos conseguem identificar os sintomas, como mudanças de comportamento e emoções descontroladas, mas ainda sabemos pouco sobre as causas biológicas por trás desses problemas.
Especialistas acreditam que as sinapses – as conexões que permitem a comunicação entre as células do cérebro, chamadas neurônios – podem ter um papel central nesses transtornos. Se fosse possível analisar as sinapses de pessoas com essas condições, talvez pudéssemos entender melhor a origem biológica dos sintomas. Mas estudar as sinapses no cérebro de pessoas vivas tem sido um grande desafio para os cientistas.
A Nova Técnica dos Pesquisadores Japoneses:
Pesquisadores da Universidade da Cidade de Yokohama, no Japão, liderados pelo Professor Takuya Takahashi, desenvolveram uma nova tecnologia para tornar isso possível. Eles criaram uma maneira de usar um tipo especial de imagem chamado PET (tomografia por emissão de pósitrons) com um marcador químico chamado [11C]K-2. Esse marcador permite que os cientistas vejam os receptores AMPA no cérebro, que são cruciais para a comunicação entre os neurônios.
O Que a Pesquisa Mostrou
Os pesquisadores fizeram exames PET no cérebro de 149 pessoas com diferentes transtornos psiquiátricos, como autismo, depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar. Eles mediram a quantidade de receptores AMPA em várias partes do cérebro e compararam com a de pessoas sem esses transtornos. O objetivo era descobrir se a quantidade e a distribuição desses receptores tinham alguma relação com a gravidade dos sintomas.
Os resultados mostraram que uma quantidade menor ou uma distribuição desigual dos receptores AMPA pode estar ligada ao desenvolvimento de vários transtornos psiquiátricos. Cada doença também mostrou características únicas. Por exemplo, na esquizofrenia, as áreas do cérebro ligadas a alucinações não eram as mesmas associadas à falta de motivação ou expressões emocionais reduzidas. Isso indica que diferentes regiões cerebrais podem influenciar diferentes sintomas.
No caso do autismo, a pesquisa revelou que a gravidade dos sintomas estava ligada a um aumento significativo dos receptores AMPA em várias partes do cérebro. Essa atividade intensa nas sinapses pode atrapalhar a maneira como o cérebro processa informações sensoriais, como sons e luzes, o que pode explicar a sensação de sobrecarga que muitas pessoas com autismo experimentam.
Padrões Específicos para Cada Transtorno:
Com exceção da depressão, os outros transtornos psiquiátricos mostraram diferenças marcantes na densidade dos receptores AMPA em comparação com cérebros saudáveis. Embora algumas áreas afetadas fossem comuns a mais de um transtorno, cada um tinha um padrão único de distribuição desses receptores.
Os pesquisadores também descobriram que as áreas onde a densidade de receptores estava ligada à gravidade dos sintomas (chamadas de regiões de estado) não coincidiam com as áreas que diferiam entre pessoas saudáveis e doentes (chamadas de regiões de traço). Eles acreditam que as regiões de traço podem aparecer primeiro e indicar a presença do transtorno, enquanto as regiões de estado podem surgir depois e estar diretamente ligadas aos sintomas.
O Impacto da Descoberta:
A nova tecnologia pode mudar a forma como diagnosticamos e tratamos transtornos psiquiátricos. Ao usar a imagem dos receptores AMPA, os cientistas esperam desenvolver tratamentos mais precisos e eficazes, melhorando a vida das pessoas com essas condições.
O professor Takahashi está otimista e acredita que essa descoberta pode levar a terapias específicas que ajudem os pacientes a ter uma melhor qualidade de vida. Com sorte, essa abordagem inovadora trará avanços importantes na saúde mental.
Publicado em 09/11/2024 14h53
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