doi.org/10.1038/s41583-024-00871-5
Credibilidade: 989
#Cerebelo
Pesquisas recentes revelaram um papel importante do cerebelo tanto na coordenação motora quanto em processos sociais e cognitivos, desafiando a visão tradicional que foca principalmente no cérebro.
Em um estudo publicado na *Nature Reviews Neuroscience*, o Professor Frank Van Overwalle, do grupo de pesquisa Cérebro, Corpo e Cognição da Vrije Universiteit Brussel (VUB), destaca a importância do cerebelo não apenas nas funções motoras, mas também em habilidades sociais e cognitivas. Este estudo apoia uma nova linha de pesquisa na neurociência, que historicamente tem focado mais no cérebro.
Por décadas, o cerebelo foi principalmente associado à coordenação motora.
“As pessoas com anormalidades no cerebelo costumam ter dificuldades motoras,” explica Van Overwalle. “Por exemplo, elas têm dificuldade em tocar o nariz com o dedo de forma suave e precisa. Essas dificuldades mostram o papel essencial do cerebelo no refinamento dos movimentos.”
Explorando Além das Funções Motoras:
No entanto, a pesquisa de Van Overwalle vai além das funções motoras e explora a participação do cerebelo em habilidades sociais e cognitivas. Seus achados revelam que anormalidades no cerebelo podem estar ligadas não apenas a déficits motores, mas também a distúrbios emocionais e comportamentais. Ele cita estudos com indivíduos autistas, mostrando como técnicas de estimulação cerebral não invasivas, como a estimulação magnética, podem melhorar o desempenho em tarefas sociais.
“Observamos melhorias na sequência de tarefas cognitivas em pessoas com autismo por meio da estimulação magnética,” diz Van Overwalle. “Agora estamos testando tarefas mais complexas para ver se esses efeitos podem ser aprimorados, com o objetivo de desenvolver tratamentos práticos para pessoas com autismo.”
Uma descoberta importante é o uso da estimulação elétrica transcraniana (tES), uma técnica mais acessível e econômica em comparação com a estimulação magnética. Embora os efeitos da tES ainda sejam limitados, o grupo de pesquisa está comprometido em desenvolver ainda mais essa técnica, vendo seu potencial para aplicação em larga escala no futuro.
Essa pesquisa oferece uma nova perspectiva sobre o papel do cerebelo e abre caminho para novos tratamentos para condições psiquiátricas e neurológicas, como os transtornos do espectro autista. “Nossa esperança é aprimorar essas técnicas para melhorar as funções sociais e cognitivas em pessoas com autismo,” conclui Van Overwalle.
Publicado em 01/11/2024 01h17
Artigo original:
Estudo original: