A matéria oculta do universo foi descoberta?

Crédito: Pixabay / CC0 Public Domain

Os astrofísicos consideram que cerca de 40% da matéria comum que compõe estrelas, planetas e galáxias permanece indetectável, oculta na forma de um gás quente na complexa teia cósmica. Cientistas do Institut d’Astrophysique Spatiale (CNRS / Université Paris-Saclay) podem ter detectado, pela primeira vez, essa matéria oculta por meio de uma análise estatística inovadora de dados de 20 anos. Suas descobertas foram publicadas em 6 de novembro de 2020 na Astronomy & Astrophysics.

As galáxias são distribuídas por todo o universo na forma de uma complexa rede de nós conectados por filamentos, que por sua vez são separados por vazios. Isso é conhecido como teia cósmica. Acredita-se que os filamentos contenham quase toda a matéria comum (chamada bariônica) do universo na forma de um gás quente difuso. No entanto, o sinal emitido por esse gás difuso é tão fraco que, na realidade, 40 a 50% dos bárions passam despercebidos.

São os bárions que faltam, escondidos na estrutura filamentar da teia cósmica, que Nabila Aghanim, pesquisadora do Institut d’Astrophysique Spatiale (CNRS / Université Paris-Saclay) e Hideki Tanimura, pesquisadora de pós-doutorado, juntamente com seus colegas, estão tentando detectar. Em um novo estudo, financiado pelo projeto ERC ByoPiC, eles apresentam uma análise estatística que revela, pela primeira vez, a emissão de raios-X pelos bárions quentes nos filamentos.

Esta detecção é baseada no sinal de raios X empilhado, nos dados do levantamento ROSAT2, de aproximadamente 15.000 filamentos cósmicos de grande escala identificados no levantamento de galáxias SDSS3. A equipe fez uso da correlação espacial entre a posição dos filamentos e a emissão de raios-X associada para fornecer evidências da presença de gás quente na teia cósmica e, pela primeira vez, medir sua temperatura.

Essas descobertas confirmam análises anteriores da mesma equipe de pesquisa, com base na detecção indireta de gás quente na teia cósmica por meio de seu efeito no fundo de microondas cósmico. Isso abre caminho para estudos mais detalhados, usando dados de melhor qualidade, para testar a evolução do gás na estrutura filamentar da teia cósmica.


Publicado em 07/11/2020 09h28

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