Marte teve vida? Novas pistas do formaldeído atmosférico

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doi.org/10.1038/s41598-024-71301-w
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Pesquisas na Universidade de Tohoku forneceram novos insights sobre o antigo ambiente marciano, revelando que matéria orgânica potencialmente indicativa de vida passada pode ter sido produzida a partir de formaldeído.

Usando um novo modelo que combina análises atmosféricas e fotoquímicas, a equipe descobriu variações nas proporções de isótopos de carbono em sedimentos marcianos, sugerindo que as condições de bilhões de anos atrás podem ter apoiado a criação de moléculas essenciais à vida, como açúcares e ribose.

Descobrindo a água antiga e o potencial da vida em Marte:

Atualmente, Marte é um planeta frio e seco. No entanto, evidências geológicas sugerem que água líquida existia lá há cerca de 3 a 4 bilhões de anos. Onde há água, geralmente há vida. Em sua busca para responder à questão candente sobre a vida em Marte, cientistas da Universidade de Tohoku desenvolveram um modelo detalhado da produção de matéria orgânica na antiga atmosfera marciana.

A matéria orgânica se refere aos restos de seres vivos, como plantas e animais, ou ao subproduto de certas reações químicas. Seja qual for o caso, a proporção estável de isótopos de carbono (13C/12C) encontrada na matéria orgânica fornece pistas valiosas sobre como esses blocos de construção da vida foram originalmente formados, dando aos cientistas uma janela para o passado.

Como tal, tornou-se um ponto de interesse para expedições a Marte. Por exemplo, o Mars rover Curiosity (operado pela NASA) revelou que a matéria orgânica encontrada em sedimentos daquela época em Marte estava anormalmente esgotada em 13C. Também foi descoberto que as proporções de isótopos de carbono variavam significativamente entre as amostras. No entanto, a razão para essa variabilidade era um mistério.

Um novo modelo revela que o formaldeído na atmosfera antiga de Marte pode ter sido um precursor de compostos orgânicos essenciais para a vida, sugerindo um passado mais habitável com base na análise de isótopos de carbono. (Conceito do artista.) Crédito: SciTechDaily.com

Modelagem de compostos orgânicos na atmosfera marciana

Para expandir essas descobertas, um grupo de pesquisa liderado por Shungo Koyama, Tatsuya Yoshida e Naoki Terada da Universidade de Tohoku desenvolveu um modelo de evolução atmosférica marciana. O modelo se concentrou no formaldeído (H2CO), que os membros desta equipe de pesquisa determinaram anteriormente que poderia ser produzido na antiga atmosfera marciana.

A razão para essa escolha é que o formaldeído pode gerar compostos orgânicos complexos, como açúcares, que são essenciais para a vida. Em outras palavras, o formaldeído pode ser o fator ausente que poderia explicar os valores anômalos das amostras do rover Curiosity. Também pode ser um sinal de vida passada.

Diagrama mostrando os processos de como a matéria orgânica foi formada no início de Marte. Crédito: Shungo Koyama

Formaldeído e as origens da matéria orgânica marciana

Este modelo combinou um modelo fotoquímico com um modelo climático para estimar as mudanças na proporção de isótopos de carbono do formaldeído em Marte, datando de 3 a 4 bilhões de anos. Ele revelou que o esgotamento de 13C no formaldeído é devido à fotodissociação de CO2 pela radiação ultravioleta solar, o que resulta na preferência de um isótopo estável sobre outro.

O estudo também mostrou que a proporção de isótopos de carbono variou com base em fatores como a pressão atmosférica em Marte na época, a fração de luz refletida pela superfície do planeta, a proporção de CO para CO2 e a quantidade de hidrogênio liberada pela atividade vulcânica.

Implicações para a bioquímica antiga de Marte:

“Este modelo fornece uma possível explicação para descobertas anteriormente inexplicáveis, como por que o 13C foi misteriosamente esgotado”, observa Koyama, um estudante de pós-graduação na Universidade de Tohoku.

Esta descoberta indica que o formaldeído contribuiu para a formação de matéria orgânica no antigo Marte, o que sugere que moléculas bioimportantes como açúcares e ribose (um componente do RNA, presente em todas as células vivas) podem ter sido produzidas no planeta.


Publicado em 25/09/2024 23h10

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