doi.org/10.1111/maps.14244
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#Apollo
“É impressionante pensar que as amostras que a Apollo 16 trouxe de volta há mais de meio século ainda têm segredos a revelar sobre a história da lua.”
Cientistas continuam a desvendar a complexa história da lua usando amostras lunares coletadas durante as missões Apollo da NASA há mais de 50 anos.
Uma nova análise da poeira lunar coletada pelos astronautas da Apollo 16 em 1972 oferece uma visão mais clara dos efeitos dos impactos de asteroides na lua, permitindo que cientistas reconstruam bilhões de anos de história lunar. Essas descobertas também podem ajudar futuras missões tripuladas a identificar recursos naturais valiosos para a construção de bases lunares, dizem os pesquisadores.
Após pousarem na região de Descartes, repleta de crateras nas terras altas da lua, os astronautas John Young, Charles Duke e Ken Mattingly coletaram cerca de 96 kg de material da superfície lunar. Análises químicas de pequenas pedras no solo lunar, que os astronautas reuniram com uma espécie de ancinho, revelaram a presença de vários gases nobres, incluindo argônio e xenônio. Esses gases aprisionados funcionam como “marcadores” no tempo de processos espaciais como o vento solar e impactos de asteroides, que moldaram a superfície lunar ao longo de bilhões de anos.
A maioria das amostras coletadas durante a era Apollo já foi examinada. Para aproveitar as novas tecnologias, a NASA abriu uma das últimas amostras seladas, coletada durante a missão Apollo 17, há apenas dois anos. Grande parte do nosso conhecimento sobre a lua e sua evolução vem dessas amostras, incluindo a descoberta de que a lua é 40 milhões de anos mais velha do que se pensava.
Mas os pesquisadores dizem que esse novo estudo dos gases aprisionados na lua já está revelando novos capítulos da história lunar.
“Podemos construir um retrato muito mais completo da história dessa parte da lua durante o início do sistema solar, onde impactos mais intensos na superfície lunar em seu primeiro bilhão de anos deram lugar a períodos menos intensos cerca de dois bilhões de anos atrás”, disse Mark Nottingham, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, em um comunicado recente.
Ao analisar as amostras coletadas durante a missão Apollo 16, Nottingham e seus colegas usaram técnicas de espectrometria de massa para catalogar os gases nobres e sua abundância nas amostras, o que os ajudou a “determinar quanto tempo as amostras passaram expostas na superfície ou perto dela,” afirmou Nottingham no comunicado.
A composição química dos gases aprisionados nessas “brechas de regolito” – uma mistura de poeira lunar que se fundiu em rocha pela força dos impactos de asteroides – mostra que ficaram expostas ao vento solar e aos impactos de asteroides por longos períodos.
As idades específicas de exposição variaram amplamente entre as amostras, de 2,5 bilhões de anos atrás a menos de um bilhão, sugerindo que o solo ao redor da área de pouso é “bem misturado”, com partes trazidas à superfície por impactos mais recentes, segundo o estudo.
Nottingham afirma que estudos como esse ajudarão os cientistas a entender melhor onde gases nobres e outros elementos podem ser encontrados na lua e em quais quantidades, ajudando a humanidade planejando melhor a futura exploração lunar.
“É impressionante pensar que as amostras que a Apollo 16 trouxe de volta há mais de meio século ainda têm segredos a revelar sobre a história da lua, e que elas podem moldar como exploraremos o sistema solar nas próximas décadas,” disse Nottingham.
Publicado em 29/10/2024 06h34
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