James Webb captura detalhes das quatro galáxias mais distantes já vistas

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O Telescópio Espacial James Webb descobriu as quatro galáxias mais distantes já observadas, uma das quais se formou apenas 320 milhões de anos após o Big Bang, quando o Universo ainda estava em sua infância, disse uma nova pesquisa nesta terça-feira.

O telescópio Webb desencadeou uma torrente de descobertas científicas desde que se tornou operacional no ano passado, perscrutando mais do que nunca os confins distantes do Universo – o que também significa que está olhando para trás no tempo.

No momento em que a luz das galáxias mais distantes chega à Terra, ela foi esticada pela expansão do Universo e deslocada para a região infravermelha do espectro de luz.

O instrumento NIRCam do telescópio Webb tem uma capacidade sem precedentes de detectar essa luz infravermelha, permitindo detectar rapidamente uma série de galáxias nunca antes vistas – algumas das quais podem remodelar a compreensão dos astrônomos sobre o início do Universo.

Em dois estudos publicados na revista Nature Astronomy, os astrônomos revelaram que “detectaram inequivocamente” as quatro galáxias mais distantes já observadas.

As quatro galáxias mais distantes já observadas (Robertson et al., Nature Astronomy, 2023).

As galáxias datam de 300 a 500 milhões de anos após o Big Bang, há mais de 13 bilhões de anos, quando o Universo tinha apenas dois por cento de sua idade atual.

Isso significa que as galáxias são do que é chamado de “época da reionização”, um período em que se acredita que as primeiras estrelas surgiram. A época veio logo após a idade das trevas cósmica provocada pelo Big Bang.

Surpreendente

Stephane Charlot, pesquisador do Instituto de Astrofísica de Paris e coautor dos dois novos estudos, disse à AFP que a galáxia mais distante – chamada JADES-GS-z13-0 – se formou 320 milhões de anos após o Big Bang.

Essa é a maior distância já observada pelos astrônomos, disse ele.

O telescópio Webb também confirmou a existência de JADES-GS-z10-0, que data de 450 milhões de anos após o Big Bang e já havia sido detectado pelo Telescópio Espacial Hubble.

Todas as quatro galáxias têm “massa muito baixa”, pesando cerca de cem milhões de massas solares, disse Charlot. A Via Láctea, em comparação, pesa 1,5 trilhão de massas solares segundo algumas estimativas.

Mas as galáxias são “muito ativas na formação de estrelas em proporção à sua massa”, disse Charlot.

Essas estrelas estavam se formando “mais ou menos na mesma velocidade que a Via Láctea”, uma velocidade que era “surpreendente tão cedo no Universo”, acrescentou.

As galáxias também eram “muito pobres em metais”, acrescentou.

Isso é consistente com o modelo padrão da cosmologia, a melhor compreensão da ciência de como o Universo funciona, que diz que quanto mais próximo do Big Bang, menos tempo há para a formação de tais metais.

Tour de force técnico

No entanto, em fevereiro, a descoberta de seis galáxias massivas de 500 a 700 milhões de anos após o Big Bang levou alguns astrônomos a questionar o modelo padrão.

Essas galáxias, também observadas pelo telescópio Webb, eram maiores do que se pensava ser possível logo após o nascimento do Universo – se confirmado, o modelo padrão pode precisar de atualização.

Pieter van Dokkum, um astrônomo da Universidade de Yale não envolvido na pesquisa mais recente, saudou a confirmação das quatro galáxias distantes recém-descobertas como um “tour de force técnico”.

“A fronteira está se movendo quase todos os meses”, comentou van Dokkum na Nature, acrescentando que havia agora “apenas 300 milhões de anos de história inexplorada do Universo entre essas galáxias e o Big Bang”.

O telescópio Webb observou possíveis galáxias ainda mais próximas do Big Bang, mas ainda não foram confirmadas, disse ele.


Publicado em 09/04/2023 20h58

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