Como o mofo ajudou os cientistas a mapear a teia cósmica

Astrônomos têm se esforçado para visualizar os tentáculos gigantes da matéria que conectam galáxias

Astrônomos têm se esforçado para visualizar os tentáculos gigantes da matéria que conectam galáxias

Gavinhas rastejantes de lodo parecem refletir a estrutura dos enormes filamentos do universo. Essa semelhança superficial, em um organismo chamado mofo, ajudou os cientistas a mapear a teia cósmica, os vastos fios de matéria que conectam galáxias.

Composta por gás e pela substância não identificada chamada matéria escura, a rede cósmica começou a se formar no início da história do universo, à medida que a matéria se aglomerava devido à gravidade. Simulações em computador dessa formação sugerem que uma tatuagem emaranhada deve ligar galáxias, mas a web é tão etérea que os cientistas lutam para imaginá-la diretamente.

Entre no molde de lodo Physarum polycephalum, um organismo unicelular que aparece como uma renda amarelada e viscosa, geralmente vista deslumbrante tronco de árvore podre. Normalmente, um molde de lodo forma conexões entre fontes de alimento. Seus padrões têm uma semelhança impressionante com redes feitas pelo homem, como ferrovias.

Os cientistas produziram este mapa da teia cósmica do universo com base em locais e massas de galáxias conhecidas e nos padrões rendados de mofo.

O astrônomo Joseph Burchett e o cientista da computação Oskar Elek, ambos da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, e colegas adaptaram um método computacional para produzir padrões semelhantes a mofo, de modo que, em vez de fontes de alimentos, pudesse conectar mais de 37.000 galáxias conhecidas espalhadas por todo espaço. Surpreendentemente, essa técnica reproduziu os tipos de estruturas vistas em simulações de computador da web cósmica, relatam cientistas em 10 de março no Astrophysical Journal Letters.

Os pesquisadores compararam seu mapa com medidas que revelam a densidade do gás em determinados pontos da web. Fontes brilhantes de luz chamadas quasares brilham através dessa rede, que absorve parte da luz. Ao estudar a quantidade de absorção, a equipe descobriu que as regiões que a técnica do molde de lodo previa que deveriam ser um pouco mais densas também tinham mais gás hidrogênio.


Publicado em 19/03/2020 07h41

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