Rússia relata usar míssil hipersônico avançado na Ucrânia pela primeira vez

Rússia usou hipersônico em combate pela primeira vez.

Moscou diz que dispositivo de alta precisão atingiu um “armazém contendo mísseis” perto da fronteira com a Romênia; Os EUA estão preocupados há muito tempo com o desenvolvimento de tecnologia hipersônica de rivais

MOSCOU – A Rússia usou seus mais novos mísseis hipersônicos Kinzhal pela primeira vez na Ucrânia nesta sexta-feira para destruir um local de armazenamento de armas no oeste do país, disse o Ministério da Defesa russo.

A Rússia nunca antes admitiu usar a arma de alta precisão em combate. A agência de notícias estatal RIA Novosti chamou de o primeiro uso das armas hipersônicas Kinzhal durante o conflito na Ucrânia.

“O sistema de mísseis de aviação Kinzhal com mísseis aerobalísticos hipersônicos destruiu um grande armazém subterrâneo contendo mísseis e munição de aviação na vila de Deliatyn, na região de Ivano-Frankivsk”, disse o Ministério da Defesa russo no sábado.

Deliatyn está localizado fora da cidade de Ivano-Frankivsk, ao longo da fronteira com a Romênia.

Um porta-voz do Ministério da Defesa se recusou a comentar quando contatado pela AFP.

O presidente russo, Vladimir Putin, chamou o míssil Kinzhal (Adaga) de “uma arma ideal” que voa a 10 vezes a velocidade do som e pode superar os sistemas de defesa aérea.

Ilustrativo: Nesta foto feita a partir de imagens tiradas do site oficial do Ministério da Defesa da Rússia no domingo, 11 de março de 2018, um míssil hipersônico Kinzhal da Rússia voa durante um teste no sul da Rússia (Foto AP / Serviço de Imprensa do Ministério da Defesa da Rússia, Arquivo)

O míssil Kinzhal foi uma de uma série de novas armas que Putin revelou em um discurso de estado da nação em 2018.

Um caça MiG-31K da força aérea russa carregando um míssil de cruzeiro hipersônico Kinzhal estacionado em um campo aéreo durante exercícios militares, 19 de fevereiro de 2022. (Serviço de Imprensa do Ministério da Defesa da Rússia via AP)

Mísseis hipersônicos, como mísseis balísticos tradicionais que podem lançar armas nucleares, podem voar a mais de cinco vezes a velocidade do som.

Mas mísseis balísticos voam alto no espaço em um arco para atingir seu alvo, enquanto um hipersônico voa em uma trajetória baixa na atmosfera, potencialmente atingindo um alvo mais rapidamente.

Fundamentalmente, um míssil hipersônico é manobrável (como o míssil de cruzeiro muito mais lento, muitas vezes subsônico), tornando mais difícil rastrear e abater.

Observe que há dois conceitos para míssil hipersônico (aqueles que viajam mais do que 5x a velocidade do som). O primeiro é o “glide vehicle”, que vai “repicando” na atmosfera superior assim como uma pedra na água (o Brasil está desenvolvendo um desses). O segundo é um míssil de cruzeiro, o modelo utilizado pela Rússia, que viaja a mais baixa aitutude mas vai desviando-se em sua trajetória, para dificultar a interceptação.

Embora países como os Estados Unidos tenham desenvolvido sistemas projetados para se defender contra mísseis balísticos e de cruzeiro, a capacidade de rastrear e derrubar um míssil hipersônico continua sendo uma questão.

Estados Unidos, China, Rússia e pelo menos cinco outros países estão trabalhando na tecnologia hipersônica. China e Rússia, em contraste com os EUA, se concentraram no desenvolvimento de mísseis hipersônicos compatíveis com armas nucleares, de acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso.

Washington levantou preocupações sobre os esforços da China e da Rússia para desenvolver a tecnologia, dizendo que isso poderia aumentar as tensões no Indo-Pacífico.


Publicado em 19/03/2022 13h15

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