Nos últimos 40 anos, a cobertura vegetal da Península Antártica aumentou mais de 10 vezes, segundo dados de satélite

Ilha Ardley. Crédito: Dan Charman

doi.org/10.1038/s41561-024-01564-5
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Esse fenômeno, chamado de “esverdeamento”, está diretamente ligado ao aquecimento acelerado da região, que está ocorrendo mais rapidamente do que a média global, com eventos de calor extremo cada vez mais frequentes.

O estudo, realizado pelas universidades de Exeter e Hertfordshire, junto com o British Antarctic Survey, usou imagens de satélite para analisar como a vegetação na Península Antártica tem respondido às mudanças climáticas. Em 1986, a cobertura vegetal da região era inferior a um quilômetro quadrado, mas até 2021, essa área já tinha se expandido para quase 12 quilômetros quadrados.

Publicado na revista *Nature Geoscience*, o estudo mostra que essa tendência de “esverdeamento” acelerou significativamente nos últimos anos (2016-2021), com uma expansão de mais de 400.000 metros quadrados por ano. O artigo, intitulado “Satélites mostram o esverdeamento contínuo da Península Antártica”, confirma que o aumento da vegetação está em andamento e se intensificando.

Em um estudo anterior, que analisou amostras de ecossistemas dominados por musgos na Península Antártica, já havia sido observada uma aceleração no crescimento das plantas nas últimas décadas. Agora, com os dados de satélite, foi possível confirmar que esse “esverdeamento” está se tornando generalizado em toda a região.

Ilha Ardley. Crédito: Dan Charman

As plantas da Península Antártica, principalmente musgos, enfrentam condições extremamente adversas. Segundo o Dr. Thomas Roland, da Universidade de Exeter, o ambiente é dominado por neve, gelo e rochas, com apenas uma pequena fração da área ocupada por vida vegetal. No entanto, essa pequena fração tem crescido rapidamente, indicando que até essa região remota e isolada está sendo afetada pelas mudanças climáticas provocadas pelo ser humano.

O Dr. Olly Bartlett, da Universidade de Hertfordshire, explica que, à medida que esses ecossistemas se fortalecem e o clima continua a aquecer, é provável que o “esverdeamento” se expanda ainda mais. A vegetação existente pode contribuir para a formação de solo, facilitando o crescimento de outras plantas no futuro. Isso também aumenta o risco de espécies invasoras chegarem à região, possivelmente trazidas por turistas ou cientistas que visitam a Antártica.

Ponto Norsel. Crédito: Dan Charman

Os pesquisadores destacam a necessidade urgente de mais estudos para entender melhor os mecanismos climáticos e ambientais que estão impulsionando esse “esverdeamento”. De acordo com o Dr. Roland, a sensibilidade da vegetação da Península Antártica às mudanças climáticas já é clara, e com o aquecimento global continuado, a biologia e a paisagem dessa região vulnerável podem mudar drasticamente.

O estudo também levanta preocupações sobre o futuro ambiental da Península Antártica e do continente como um todo. Para proteger a Antártica, é essencial compreender essas mudanças e identificar exatamente o que as está causando. Os pesquisadores agora estão investigando como as áreas recentemente descongeladas estão sendo colonizadas por plantas e como esse processo pode continuar no futuro.


Publicado em 10/10/2024 00h24

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