Dados confirmam que Pacífico atingiu Super El Niño em 2023, evidenciando o ciclo regular

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#La Niña #El Niño 

Índice trimestral do Pacífico divulgado pela NOAA mostra que anomalia da temperatura do mar atingiu marca de Super El Niño no último trimestre

Um grande debate se instalou na comunidade meteorológica mundial se o aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico Equatorial em 2023 levaria ou não a um evento de Super El Niño, até porque não existe uma definição clara do que se trata de um Super El Niño. A corrente predominante entende que o patamar é alcançado com anomalias de temperatura da superfície do mar iguais ou acima de 2ºC no Pacífico Centro-Leste.

O acompanhamento semanal dos dados de anomalia de temperatura da superfície do mar mostrou que neste evento de El Niño anomalias de 2ºC ou mais foram observadas em cinco semanas na chamada região Niño 3.4, no Pacífico Centro-Leste, designada para o acompanhamento da intensidade do fenômeno. De acordo com dados da NOAA, o patamar foi alcançado nas semanas de 22/11 com 2,1ºC; de 29 de novembro com 2,0ºC; e nas semanas de 13, 20 e 27 de dezembro do ano passado com anomalia de 2,0ºC. O pico do El Niño, assim, se deu no final de novembro e até o começo de janeiro as anomalias apresentaram valores ao redor do pico.

O mais importante, entretanto, é um dado que acaba de ser publicado pela agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos que é o dado trimestral, o chamado ONI (sigla para Oceanic Niño Index). De acordo com a NOAA, o ONI apurado no trimestre entre novembro de 2023 e janeiro de 2024 ficou em 2,0ºC.

O que isso significa? Que ao menos um trimestre teve anomalia de temperatura do mar na casa de 2,0ºC, o que no entendimento da MetSul Meteorologia e de muitos experts em Pacífico no exterior fez do evento de El Niño de 2023-2024 um Super El Niño e um dos mais intensos desde 1950. Aliás, desde 1950 somente um punhado de eventos de El Niño alcançou anomalias de 2ºC ou mais em um trimestre, de acordo com o índice ONI. Foram os eventos de 1965-1966, 1972-1973, 1982-1983, 1997-1998, 2015-2016 e agora o de 2023-2024.

El Niño La Niña
Fraco Moderado – Forte Muito Forte Fraco Moderado Forte
1952-53 1951-52 1957-58 1982-83 1954-55 1955-56 1973-74
1953-54 1963-64 1965-66 1997-98 1964-65 1970-71 1975-76
1958-59 1968-69 1972-73 2015-16 1971-72 1995-96 1988-89
1969-70 1986-87 1987-88   1974-75 2011-12 1998-99
1976-77 1994-95 1991-92   1983-84   1999-00
1977-78 2002-03     1984-85   2007-08
1979-80 2009-10     2000-01 2010-11
2004-05       2005-06  
2006-07       2008-09    
2014-15       2016-17    
2018-19
2019-20
      2017-18    
Tabela via UNIFEI

Todos anotaram valores de ONI no pico maiores que o episódio de 2023-2024 e todos tiveram mais de um trimestre acima de 2ºC, ao contrário do evento de 2023-2024 que foi apenas um. Embora todos estes eventos passados de El Niño tenham sido mais intensos que o atual, cada episódio tem sua própria história e intensidade não significa que os seus efeitos se deem na mesma proporção com variações locais e regionais.

O episódio de 1982-1983 foi muito mais impactante em Santa Catarina enquanto este de 2023 teve consequências no Rio Grande do Sul muito mais graves que outros do passado que foram mais fortes.

Em Porto Alegre, por exemplo, 2023 foi o ano mais chuvoso desde o Super El Niño de 1972-1973 e as grandes cheias do Guaíba, duas, foram as piores desde o Super El Niño de 1940-1941. Os eventos mais fortes de El Niño A última vez em que um trimestre do ONI havia terminado com valor igual ou superior a 2ºC tinha sido no episódio do Super El Niño de 2015-2016. No Super El Niño de 2015-2016 foram seis trimestres seguidos com anomalia de ao menos 2ºC, sendo o primeiro entre agosto e outubro de 2015 com 2,2ºC e o último janeiro a março de 2016 com 2,1ºC. O máximo trimestral foi 2,6ºC nos trimestres outubro a dezembro de 2015, novembro de 2015 a janeiro de 2016, e dezembro de 2015 a fevereiro de 2016.


Publicado em 07/02/2024 13h18

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