doi.org/10.1073/pnas.2411212121
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#Metano
Pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder descobriram que os micróbios são agora a principal fonte de emissão de metano, e não os combustíveis fósseis.
Apesar disso, reduzir o uso de combustíveis fósseis e outras atividades humanas ainda é essencial para combater as mudanças climáticas.
De acordo com um novo estudo publicado na revista científica *Proceedings of the National Academy of Sciences*, o recente aumento global nas emissões de metano é impulsionado por micróbios no ambiente. Isso significa que há outros processos naturais e humanos liberando mais metano do que os combustíveis fósseis.
“Entender de onde o metano vem nos ajuda a desenvolver estratégias eficazes para reduzir suas emissões,” explica Sylvia Michel, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina (INSTAAR) e doutoranda em Ciências Atmosféricas e Oceânicas na Universidade do Colorado.
O metano é um gás de efeito estufa poderoso, sendo responsável por cerca de um terço do aquecimento global desde a industrialização. Apesar de estar em menor quantidade na atmosfera em comparação ao dióxido de carbono (CO2), ele retém cerca de 30 vezes mais calor. Por isso, reduzir o metano é uma das maneiras mais rápidas de combater as mudanças climáticas.
As concentrações de metano no ar quase triplicaram desde o século XVIII. No entanto, enquanto o CO2 pode permanecer na atmosfera por milhares de anos, o metano se decompõe em cerca de uma década, o que significa que reduzi-lo agora teria um impacto imediato no aquecimento global.
A nova descoberta indica que micróbios – organismos minúsculos que vivem em pântanos, no estômago do gado e em aterros sanitários – são os principais responsáveis pelas emissões de metano. Arqueias, um tipo específico de micróbio, produzem metano ao digerir matéria orgânica.
Nos últimos anos, Michel e Li têm trabalhado com o Laboratório Global de Monitoramento (GML), que recebe amostras de ar de 22 locais ao redor do mundo. Eles analisam componentes do ar, como CO2 e metano, para identificar suas origens. Por exemplo, o metano dos combustíveis fósseis contém mais carbono-13, enquanto o metano de fontes microbianas possui menos. Desde 1998, o laboratório mede esses isótopos para monitorar as emissões.
A equipe notou que, desde 2007, os níveis de metano na atmosfera têm aumentado rapidamente. Em 2020 e 2021, o crescimento foi o maior já registrado desde o início da coleta de dados. Nesse período, Michel percebeu uma diminuição inesperada do isótopo de carbono-13, o que levou a equipe a investigar.
Quem Está por Trás das Emissões de Metano?
Utilizando simulações de computador, Michel e sua equipe testaram três cenários de emissões para ver qual deles deixaria uma assinatura isotópica semelhante à observada. Eles descobriram que o grande aumento nas emissões de metano, entre 2020 e 2022, foi causado quase inteiramente por fontes microbianas, que contribuíram com mais de 90% do aumento.
“Estudos anteriores sugeriam que as atividades humanas, especialmente os combustíveis fósseis, eram a principal fonte do crescimento do metano nos últimos anos,” diz Xin (Lindsay) Lan, cientista do Instituto Cooperativo de Pesquisa em Ciências Ambientais (CIRES). Segundo ela, esses estudos não consideraram o perfil isotópico do metano, o que pode levar a conclusões incompletas.
Ainda não está claro se o aumento nas emissões microbianas vem de fontes naturais, como pântanos, ou de fontes humanas, como aterros e agricultura. A equipe pretende investigar mais a fundo para identificar a origem exata.
“Em um mundo em aquecimento, não é surpreendente que essas fontes emitam mais metano,” explica Michel. Ela acrescenta que, assim como humanos, os micróbios têm um metabolismo mais ativo quando está quente. Isso significa que mais metano pode ficar na atmosfera, acelerando o aquecimento global.
Portanto, apesar de a principal fonte recente de metano serem os micróbios, é essencial continuar reduzindo as emissões de CO2 para enfrentar de fato a crise climática.
Publicado em 30/10/2024 07h43
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