Será que a proteína Spike, derivada de vacinas de mRNA, pode prejudicar as bactérias benéficas no intestino?

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#Intestino 

No começo dos anos 1900, o cientista Charles Richet mostrou que a anafilaxia é uma reação a toxinas – qualquer proteína injetada diretamente no sangue. A proteína não precisa ser um veneno, pode até ser algo aparentemente inofensivo, como um alimento. O que importa é que, ao ser injetada, pode causar uma reação exagerada em algumas pessoas, chamada de anafilaxia. Isso é uma reação do intestino a proteínas estranhas no sangue.

Um grupo de cientistas publicou recentemente um estudo que sugere uma hipótese sobre como as vacinas contra a COVID-19 podem prejudicar o microbioma intestinal (o conjunto de microrganismos que vivem no nosso intestino). O estudo propõe que as vacinas poderiam causar alterações nas bactérias boas do intestino, levando a várias doenças crônicas. Vamos entender os principais pontos.

Como a Vacina Pode Afetar o Intestino?

As vacinas de mRNA para a COVID-19 fazem com que o corpo produza uma proteína chamada proteína spike, semelhante à do vírus. Essa proteína ajuda o corpo a aprender a se defender contra o vírus real. No entanto, alguns cientistas estão preocupados com os possíveis efeitos não intencionais dessa proteína no intestino.

Estudos mostraram que o vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, pode destruir certas bactérias benéficas no intestino, como as dos gêneros *Bifidobacterium* e *Faecalibacterium*. Essas bactérias são importantes para a saúde do intestino e do corpo como um todo. O estudo sugere que a proteína spike produzida pela vacina também poderia causar problemas semelhantes.

A Proteína Spike e os Receptores ACE2

Os receptores ACE2 são estruturas que estão presentes em quase todas as partes do corpo: intestinos, pulmões, coração, cérebro, e até nos fluidos corporais, como saliva e leite materno. O problema é que a proteína spike pode se ligar a esses receptores e causar inflamações em diferentes órgãos e sistemas. Isso pode resultar em problemas respiratórios, intestinais, cardíacos e até neurológicos.

Quando a vacina de mRNA é aplicada, a proteína spike pode ser encontrada em várias partes do corpo, como o sangue, fígado, pulmões e cérebro. Um estudo recente mostrou que, mesmo meses após a vacinação, a proteína spike ainda estava presente no corpo de algumas pessoas.

A Hipótese: Como a Proteína Spike Pode Afetar as Bactérias Intestinais?

A ideia principal do estudo é que a proteína spike, ao entrar nas células intestinais, poderia causar uma resposta inflamatória, prejudicando o equilíbrio entre as bactérias boas e as células do intestino. Esse desequilíbrio, chamado de disbiose, poderia levar à morte ou ao mau funcionamento dessas bactérias importantes.

Por Que Isso é Importante?

O intestino é conhecido como o “segundo cérebro” do corpo, pois ele tem um papel fundamental na digestão, no sistema imunológico e até na regulação das emoções. Quando o equilíbrio das bactérias intestinais é alterado, isso pode afetar a saúde de todo o corpo.

O estudo menciona que as vacinas que usam o método de mRNA, ao contrário das vacinas tradicionais que utilizam vírus inativos, podem ter um efeito maior nesse sentido. Ainda não há uma conclusão definitiva, mas a hipótese levantada pelos cientistas aponta para a necessidade de investigar mais a fundo os possíveis efeitos a longo prazo das vacinas de mRNA.

O Que Vem a Seguir?

Para testar essa hipótese, os cientistas sugerem um experimento para verificar como a proteína spike afeta o intestino. O próximo passo seria observar diretamente o impacto nas bactérias intestinais após a vacinação.

Conclusão:

Os pesquisadores sugerem que as vacinas podem ter substâncias que alteram permanentemente o microbioma intestinal, o que pode afetar negativamente a saúde das pessoas. Eles acreditam que esses efeitos podem estar relacionados ao aumento de doenças crônicas nos Estados Unidos, mas essa é apenas uma hipótese que precisa de mais estudos para ser comprovada.

É importante entender que a ciência está sempre em evolução, e novas descobertas podem ajudar a melhorar a segurança e a eficácia das vacinas no futuro.


Publicado em 24/10/2024 17h20

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