Facebook bloqueia dados médicos compartilhados por aplicativos

O Facebook disse que estava reprimindo aplicativos de terceiros que compartilham informações médicas depois que uma investigação em Nova York descobriu que os serviços violavam as políticas de privacidade da rede social

O Facebook começou a bloquear informações confidenciais de saúde que aplicativos de terceiros compartilhavam com a rede social, violando suas próprias regras, disseram autoridades de Nova York que investigaram a situação.

Os dados fornecidos por fabricantes de aplicativos a uma ferramenta de análise do Facebook incluem diagnósticos médicos e se as usuárias estão grávidas, de acordo com um relatório divulgado pelo departamento de serviços financeiros de Nova York na quinta-feira.

“O Facebook instruiu os desenvolvedores de aplicativos e sites a não compartilharem dados médicos, financeiros e outros dados pessoais sensíveis do consumidor, mas não tomou medidas para policiar esta regra”, disse a superintendente estadual de serviços financeiros Linda Lacewell em um comunicado.

“Ao continuar a fazer negócios com desenvolvedores de aplicativos que quebraram a regra, o Facebook se colocou em uma posição para lucrar com dados confidenciais que, em primeiro lugar, nunca deveria receber.”

As informações do usuário dos aplicativos são compartilhadas regularmente com o Facebook por meio de uma ferramenta que oferece aos desenvolvedores análises gratuitas de dados para ajudar a orientar as melhorias nos aplicativos, de acordo com a investigação lançada no ano passado.

“Nossas políticas proíbem o compartilhamento de informações de saúde confidenciais e não é algo que queremos”, disse uma porta-voz do Facebook em resposta a um questionamento da AFP.

“Melhoramos nossos esforços para detectar e bloquear dados potencialmente confidenciais e estamos fazendo mais para educar os anunciantes sobre como configurar e usar nossas ferramentas de negócios.”

Os investigadores citaram o exemplo de um aplicativo Flo Health para menstruação e rastreamento de fertilidade, usado por mais de 100 milhões de pessoas, informando o Facebook cada vez que uma usuária registrava o início da menstruação ou notava intenção de engravidar.

“Grandes empresas de internet têm o dever de proteger a privacidade de seus consumidores – ponto final”, disse o governador de Nova York, Andrew Cuomo, no comunicado.

Tal compartilhamento violava a política do Facebook, mas não foi verificado pelo gigante da internet com sede na Califórnia, concluíram os investigadores.

O Facebook criou uma lista de termos bloqueados por seus sistemas e vem refinando a inteligência artificial para filtrar de forma mais adaptativa os dados confidenciais não bem-vindos na ferramenta de análise, de acordo com o relatório.

A lista de bloqueio contém mais de 70.000 termos, incluindo doenças, funções corporais, condições médicas e locais do mundo real, como centros de saúde mental, disse o relatório.

O relatório endossou uma lei de privacidade de dados proposta no estado pelo governador que protegeria expressamente os dados de saúde, biométricos e de localização, bem como criaria uma Declaração de Direitos de Privacidade de Dados do Consumidor.


Publicado em 20/02/2021 17h10

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