O nano ‘lixo’ que pode salvar vidas

Crédito: CC0 Public Domain

Partículas incômodas detestadas pelos fabricantes descobriram um novo propósito inovador que fornece drogas que mudam a vida diretamente para tumores cancerígenos e tecidos doentes.

Cientistas do Heart Research Institute, em Sydney, desenvolveram uma maneira simples, barata e eficiente de coletar nanopartículas que podem ser usadas no tratamento de câncer, doenças cardiovasculares e doença de Alzheimer.

O trabalho, publicado esta semana na revista internacional Communications Physics, abre caminho para novas terapias estimulantes usando um material antes visto como um indesejável subproduto da manufatura.

“Até agora, as nanopartículas de poeira de plasma têm sido vistas como um subproduto incômodo em aplicações tecnológicas que dependem de reatores de plasma”, explica o pesquisador chefe e físico da HRI, Dr. Miguel Santos. “Emocionante, nós conseguimos mostrar que essas nanopartículas têm um potencial real para terapias, particularmente na área de câncer e doenças cardiovasculares.”

A nanomedicina é um campo de pesquisa que está surgindo rapidamente, com o objetivo de melhorar o direcionamento específico, o acúmulo e a liberação controlada de agentes terapêuticos, minimizando os efeitos sobre o tecido saudável. Mas a tradução para a prática clínica tem sido limitada pela complexidade e pelos custos associados ao desenvolvimento de nanomateriais seguros, eficientes e multifuncionais, diz o Dr. Santos.

“As partículas de plasma são nanopartículas e micro-partículas que são formadas em plasmas reativos, muitas vezes contaminando amostras e reduzindo a eficiência e o rendimento do processo”, diz ele. “O que conseguimos mostrar é que eles realmente têm utilidade e que podem salvar vidas e melhorar a qualidade de vida”.

Este novo artigo propõe uma maneira simples, mas eficiente, de coletar nanopartículas de poeira de plasma de reatores de plasma. Ele usa uma estrutura tridimensional bem formada que garante que a poeira de plasma seja aprisionada e não perdida. Essa estratégia aumenta significativamente o rendimento das nanopartículas, tornando-a mais econômica e, por fim, facilitando o upscaling para aplicações comerciais e clínicas.

“Nosso método reforça significativamente a produção de nanopartículas sem a necessidade de manipulação externa e pode ser adotado em reatores a plasma existentes”, diz Santos. A equipe da HRI está atualmente testando sua nova nanotecnologia em produtos adequados para tratamentos de câncer, coração e demência.


Publicado em 05/06/2019

Artigo original: https://phys.org/news/2019-06-nano-junk.html