Cientistas descobrem solução bacteriana para ‘produtos químicos eternos’

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doi.org/10.1126/sciadv.ado2957
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#Bactéria 

Uma equipe da Universidade da Califórnia, em Riverside (UC Riverside), descobriu bactérias capazes de degradar “produtos químicos eternos” presentes na água, o que pode levar a soluções de tratamento de água mais acessíveis.

Essas bactérias pertencem ao gênero *Acetobacterium* e são encontradas em ambientes de águas residuais ao redor do mundo. Esses micro-organismos têm a capacidade de quebrar substâncias conhecidas como PFAS (substâncias per e polifluoroalquil), popularmente chamadas de “produtos químicos eternos” devido à sua resistência, pois possuem fortes ligações químicas entre carbono e flúor, que as tornam extremamente persistentes no meio ambiente.

A descoberta dos cientistas, publicada na revista *Science Advances*, revelou que essas bactérias podem quebrar essas ligações resistentes entre flúor e carbono.

“Esta é a primeira vez que se descobre uma bactéria capaz de fazer a defluoração redutiva das estruturas de PFAS,” disse Yujie Men, autora principal do estudo e professora associada no Departamento de Engenharia Química e Ambiental da UC Riverside.

No entanto, Men alertou que as bactérias são eficazes apenas em compostos de PFAS insaturados, que possuem ligações duplas entre átomos de carbono.

Ação Enzimática sobre os PFAS

Os cientistas também identificaram as enzimas específicas dessas bactérias que são responsáveis por quebrar as ligações entre carbono e flúor. Essa descoberta pode permitir que bioengenheiros melhorem essas enzimas, tornando-as eficazes em outros compostos de PFAS.

“Se entendermos o mecanismo, poderemos encontrar enzimas semelhantes com características moleculares identificadas e selecionar outras mais eficazes,? explicou Men. “Além disso, podemos projetar novas enzimas ou modificar a que já conhecemos, para que possam ser mais eficientes e trabalhar com uma gama maior de moléculas de PFAS.”**

Usando microorganismos para remover poluentes de águas subterrâneas. Crédito: Evan Fields/UC Riverside

Ampliando a Capacidade de Biodegradação

No ano passado, Men publicou um estudo que identificou outros micro-organismos capazes de quebrar ligações entre carbono e cloro em compostos clorados de PFAS, o que desencadeia a defluoração espontânea e destrói esses poluentes. A nova descoberta aumenta significativamente o número de compostos de PFAS que podem ser eliminados por meio de processos biológicos.

Usar bactérias para tratar a água subterrânea é uma solução econômica, pois os micro-organismos destroem os poluentes antes que a água chegue aos poços. O processo envolve injetar as bactérias preferidas no lençol freático, junto com nutrientes, para aumentar sua população.

Contexto Regulatório e de Consumo

Devido à ligação dos compostos PFAS com problemas de saúde, como câncer, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) impôs, neste ano, limites de qualidade da água, restringindo certos “produtos químicos eternos” a apenas quatro partes por trilhão na água potável do país. Isso fez com que os fornecedores de água buscassem soluções para eliminar os PFAS.

Esses compostos começaram sendo amplamente usados em milhares de produtos de consumo a partir da década de 1940, devido à sua capacidade de resistir ao calor, água e gorduras. Exemplos incluem espumas para combate a incêndios, embalagens resistentes a gorduras (como sacos de pipoca de micro-ondas e caixas de pizza), além de repelentes de manchas e água em carpetes, roupas e outros tecidos.


Publicado em 01/10/2024 01h16

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