Descobrindo como nosso olhar está ‘ancorado’ no cérebro e como nossos olhos permanecem focados no que buscamos

Um estudo realizado por neurocientistas investigou o bem estudado, mas mal compreendido processo de ancoragem do olhar – especificamente, como diferentes regiões do cérebro se comunicam umas com as outras.

Os resultados da pesquisa oferecem novos insights sobre como nossos movimentos são coordenados.

Manter os olhos focados no que buscamos, seja um item de supermercado ou uma bola de chão no campo de beisebol, pode parecer fácil, mas na verdade é o resultado de um processo cerebral complexo que envolve tempo e coordenação delicados. Uma equipe de acadêmicos lança mais informações sobre os mecanismos que garantem que não desviemos o olhar de onde estamos indo em um novo estudo publicado em 20 de abril de 2022 na revista Nature.

O trabalho se concentra em uma forma coordenada de olhar e alcance chamada “ancoragem do olhar” – a interrupção temporária dos movimentos oculares para coordenar os alcances.

“Nossos resultados mostram que fixamos nosso olhar no alvo do movimento de alcance, olhando para esse alvo por períodos mais longos”, explica Bijan Pesaran, professor do Centro de Ciência Neural da NYU e um dos autores do artigo. “Isso é o que torna nossos alcances muito mais precisos. A grande questão tem sido: como o cérebro orquestra esse tipo de comportamento natural?”

Manter nossos olhos focados no que buscamos, como colocar uma bola rasteira no campo de beisebol, pode parecer ininterrupto. Mas, na verdade, é devido a um processo neurológico complexo que envolve tempo e coordenação intrincados. Em um estudo recém-publicado, uma equipe de pesquisadores lança luz adicional sobre as maquinações que garantem que não desviemos o olhar de onde estamos chegando. Na foto, o shortstop da NYU Zane Baker (22). Crédito: NYU Athletic Communications

O estudo, realizado com Maureen Hagan, neurocientista da Universidade Monash da Austrália, explora o processo de ancoragem do olhar frequentemente estudado, mas não bem compreendido – em particular, como diferentes regiões do cérebro se comunicam.

Para examinar esse fenômeno, os cientistas estudaram a atividade cerebral nas regiões de movimento do braço e dos olhos do cérebro ao mesmo tempo que os primatas não humanos realizavam uma sequência de movimentos dos olhos e dos braços. O primeiro movimento foi um olhar e alcançar um alvo coordenado. Então, apenas 10 milissegundos depois, um segundo alvo foi apresentado que os sujeitos precisavam olhar o mais rápido possível. Este segundo movimento ocular revelou o efeito de ancoragem do olhar. Esses movimentos são semelhantes aos feitos ao trocar o rádio enquanto dirige e atende a um semáforo – se você desviar o olhar rapidamente do rádio para o semáforo, pode não selecionar o canal certo.

Seus resultados mostraram que, durante a ancoragem do olhar, os neurônios na parte do cérebro – a região de alcance parietal – usada para alcançar o trabalho para inibir a atividade dos neurônios na parte do cérebro – a região sacádica parietal – usada para movimentos oculares. Essa supressão do disparo de neurônios serve para inibir o movimento dos olhos, mantendo nossos olhos centrados no alvo de nosso alcance, o que aumenta a precisão do que estamos buscando. É importante ressaltar que os cientistas observam que os efeitos estavam ligados a padrões de ondas cerebrais em 15-25 Hz, chamadas ondas beta, que organizam o disparo neural nas diferentes regiões do cérebro.

“As ondas beta foram anteriormente ligadas à atenção e cognição, e este estudo revela como a atividade beta pode controlar os mecanismos inibitórios do cérebro para coordenar nosso comportamento natural”, explica Pesaran.

Ao iluminar ainda mais os processos neurológicos de olhar e alcançar coordenados, vinculando-os a ondas beta inibitórias, este estudo oferece o potencial de entender melhor as aflições de atenção e controle executivo que orquestram comportamentos naturais como olhar e alcançar coordenados.


Publicado em 24/04/2022 06h33

Artigo original:

Estudo original: