Cientistas descobrem proteína que repara danos no coração

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doi.org/10.1038/s44161-024-00555-4
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#Coração 

Cientistas da UCLA descobriram que a proteína GPNMB, liberada por algumas células do sistema imunológico após um ataque cardíaco, tem um papel importante na recuperação do coração.

Essa proteína se liga a um receptor específico, incentivando a reparação do tecido cardíaco. Essa descoberta pode levar a novos tratamentos que evitam a insuficiência cardíaca, ajudando o coração a se recuperar e funcionando melhor depois de um ataque cardíaco.

Os cientistas da UCLA identificaram a GPNMB como um fator essencial para o processo de cura do coração após um ataque cardíaco.

A pesquisa, realizada com modelos animais, mostrou que células imunológicas chamadas macrófagos, que vêm da medula óssea, liberam a proteína GPNMB, que se liga a um receptor conhecido como GPR39. Essa interação incentiva a reparação do tecido no coração. Esse estudo oferece novas informações sobre o processo natural de cura do coração e abre caminho para possíveis tratamentos que melhoram a função cardíaca e evitam a progressão para insuficiência cardíaca.

Nos Estados Unidos, alguém sofre um ataque cardíaco a cada 40 segundos, sendo uma das principais causas de insuficiência cardíaca. Ataques cardíacos enfraquecem o coração e causam cicatrizes que reduzem sua capacidade de bombear sangue de forma eficiente. Embora esse tecido cicatricial inicialmente ajude a manter a estrutura do coração, ele permanece permanentemente, fazendo o resto do músculo trabalhar mais e frequentemente levando à insuficiência cardíaca ao longo do tempo.

O Potencial da GPNMB no Tratamento da Insuficiência Cardíaca:

Estudos clínicos anteriores indicaram que a GPNMB (ou glicoproteína B de melanoma não metastático) está fortemente associada aos resultados cardiovasculares de pessoas com insuficiência cardíaca. No entanto, não estava claro se a falta dessa proteína era diretamente responsável pelo desenvolvimento da insuficiência cardíaca após um ataque cardíaco. Essa diferença importante – saber se a GPNMB é apenas um marcador associado ou se desempenha um papel causador – determina se a proteína pode ser um alvo para tratamentos futuros.

Usando modelos de camundongos, os pesquisadores descobriram primeiro que o coração não produz a GPNMB naturalmente, mas que ela é produzida por células inflamatórias vindas da medula óssea. Após um ataque cardíaco, esses macrófagos vão para o local da lesão no coração e produzem GPNMB.

Células musculares cardíacas que circundam o tecido danificado após um ataque cardíaco Crédito: Arjun Deb Lab/UCLA

Manipulação Genética Revela Informações Importantes

A equipe realizou “knockouts? genéticos, inativando o gene da GPNMB, e também fez transplantes de medula óssea, observando que camundongos sem o gene da GPNMB apresentaram resultados muito piores após um ataque cardíaco, incluindo uma incidência maior de ruptura do coração, uma complicação fatal também vista em humanos com insuficiência cardíaca. Por outro lado, camundongos com expressão normal de GPNMB que receberam uma dose adicional da proteína GPNMB apresentaram melhora na função do coração e menos cicatrizes. Quatro semanas após um ataque cardíaco simulado, 67% dos animais sem o gene da GPNMB apresentaram fibrose (cicatrizes) severa, comparados a apenas 8% dos animais do grupo de controle.

Descobrindo uma Nova Forma de Regeneração dos Tecidos:

Além de identificar a GPNMB como uma molécula de sinalização com efeitos em diferentes tipos de células, os pesquisadores descobriram que ela se liga ao receptor GPR39, antes considerado um “receptor órfão? (receptor sem parceiro de ligação conhecido). Essa interação desencadeia uma série de sinais que promovem a regeneração do tecido e limitam a formação de cicatrizes.

Doenças cardiovasculares, nas quais a insuficiência cardíaca é uma complicação grave, são um problema de saúde significativo, sendo responsáveis por cerca de um terço das mortes no mundo. Apesar de sua gravidade, não há tratamentos que melhorem diretamente a capacidade do coração de se reparar após um ataque cardíaco. O novo estudo mostra o potencial da GPNMB como agente terapêutico e do GPR39 como alvo que pode reduzir cicatrizes, melhorar a função cardíaca e prevenir a insuficiência cardíaca.

Direções Futuras na Pesquisa de Reparo de Órgãos:

Essa pesquisa também pode trazer novas ideias sobre a reparação de tecidos em outros órgãos. Como a GPNMB é produzida em vários tecidos, estudos futuros explorarão seu papel na reparação do cérebro, rins e outros órgãos afetados por lesões isquêmicas (como falta de sangue).


Publicado em 29/10/2024 17h05


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