Essa planta brasileira oferece os benefícios medicinais do CBD (canabidiol) sem os efeitos nocivos da maconha

Candiuva. Imagem via Wikipedia

#Maconha 

Em um laboratório escondido em um extenso campus universitário no Rio de Janeiro, o biólogo molecular brasileiro Rodrigo Moura Neto está realizando testes em uma planta aparentemente comum com um poderoso segredo.

A planta caseira de crescimento rápido, Trema micrantha blume [também conhecida como Pau pólvora, periquiteiro, candiúva, candiúba, taleira, motamba, gurindiba, curindiba ou seriúva ou com o nome de seu gênero, Trema], é nativa das Américas, onde é difundida e frequentemente considerada uma erva daninha.

Mas Moura Neto descobriu recentemente que seus frutos e flores contêm um dos ingredientes ativos da maconha: o canabidiol, ou CBD, que se mostrou promissor como tratamento para doenças como epilepsia, autismo, ansiedade e dor crônica.

Crucialmente, ele também descobriu que não contém o outro ingrediente principal da maconha, tetrahidrocanabinol ou THC – a substância psicoativa que deixa as pessoas chapadas.

Isso abre a possibilidade de uma nova fonte abundante de CBD, sem as complicações da cannabis, que continua ilegal em muitos lugares.

A descoberta tornou o Dr. Moura Neto uma espécie de estrela acadêmica da noite para o dia, um afável homem de 66 anos de cabelos grisalhos que agora tem uma agenda lotada de reuniões com especialistas em patentes e empresas interessadas em explorar o multibilionário CBD mercado.

“Foi maravilhoso encontrar uma planta (com CBD, mas) sem THC, porque você evita toda a confusão com substâncias psicotrópicas”, diz Moura Neto, que passou quase cinco décadas pesquisando neste pequeno laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Universidade.

“Isso significa que o potencial é enorme”, disse à AFP.

Sua equipe de 10 membros ganhou recentemente um subsídio público de R$ 500.000 (US$ 104.000) para expandir seu projeto, que agora identificará os melhores métodos para extrair o CBD de “Trema” e estudará sua eficácia como substituto da maconha medicinal.

Vista da planta Trema micrantha blume, uma planta de crescimento rápido nativa das Américas, onde é difundida e frequentemente considerada uma erva daninha.

A demanda

Muitos dos usos médicos anunciados do CBD ainda estão sob pesquisa.

O composto é polêmico, inclusive no Brasil, onde pacientes recorreram à Justiça para obter o direito de usá-lo. Freqüentemente, eles precisam importá-la a preços exorbitantes, visto que o cultivo de maconha medicinal continua ilegal – embora haja uma legislação no Congresso para mudar isso.

Debates à parte, a demanda por CBD está crescendo.

O mercado global de CBD no ano passado foi estimado em quase US$ 5 bilhões. A empresa de análise Vantage Market Research projeta que crescerá para mais de US$ 47 bilhões até 2028, impulsionada principalmente pelo uso de saúde e bem-estar.

O interesse pela pesquisa de Moura Neto tem sido “enorme”, diz Rosane Silva, diretora de seu laboratório, que fica em um corredor movimentado com estudantes e pesquisadores em jalecos brancos.

“Muitas empresas têm telefonado, procurando colaborar” em um eventual medicamento CBD não baseado em cannabis, diz Silva, ao lado do que ela chama de “planta mágica”.

Um membro da família Cannabaceae – como a cannabis – “Trema” pode se transformar em uma árvore de até 20 metros (66 pés) de altura.

Moura Neto diz que ele e a universidade podem explorar o patenteamento de quaisquer inovações que encontrarem para extrair o CBD de seus pequenos frutos e flores.


Publicado em 08/07/2023 13h14

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