Este pterossauro de cabeça grande pode ter preferido andar a voar

Esta reconstrução mostra o Tupandactylus navigans, um tipo de pterossauro com uma grande crista no topo da cabeça. O antigo réptil tinha um pescoço longo, que combinado com sua cabeça enorme, poderia ter dificultado o vôo sustentado.

Um pescoço longo e um noggin grande demais aterraram principalmente um réptil antigo, o fóssil sugere

Em 2013, uma operação policial no porto de Santos, no Brasil, recuperou cerca de 30.000 fósseis contrabandeados, incluindo o espécime mais intacto de um tipo de pterossauro de cabeça grande já encontrado. Uma nova análise do fóssil fornece uma visão sobre o estilo de forrageamento do réptil voador, capacidade de voo e anatomia, relatam os pesquisadores em 25 de agosto no PLOS ONE.

Identificado como Tupandactylus navigans, o fóssil é membro de um grupo de pterossauros chamados tapejarídeos. Esses pterossauros são conhecidos por seus crânios com cristas de tamanho grande e granizo do início do período Cretáceo, que durou cerca de 145 milhões a 100 milhões de anos atrás.

Alguns fósseis de tapejarídeos bem preservados foram encontrados na China, mas eles não são tão completos quanto o fóssil recém-analisado, e a anatomia do pterossauro não foi totalmente descrita. “É a primeira vez que temos o crânio e o [corpo] cheios”, afirma Victor Beccari, paleontólogo da Escola de Ciência e Tecnologia NOVA da Caparica, Portugal.

Quando a equipe de Beccari recebeu o fóssil em 2016, ele já havia sido cortado em seis blocos. “É uma pena”, diz Beccari, “mas usamos isso para nossa vantagem”. Os pesquisadores encaixaram as peças cortadas em um scanner de tomografia computadorizada e, em seguida, usaram as varreduras para produzir um modelo 3-D do esqueleto do pterossauro que revelou peças ainda enterradas dentro da rocha.

Este fóssil de Tupandactylus navigans é o espécime mais completo de tapejarídeo – um grupo de pterossauros conhecido por sua crista craniana (laranja) – já encontrado. – V. BECCARI

Estudos anteriores sugeriram que os tapejarídeos tinham um pescoço curto e robusto para apoiar sua grande cabeça durante o vôo. Mas a equipe de Beccari mostrou que o pescoço era responsável por mais da metade do comprimento da coluna, o que poderia ter dificultado o vôo sustentado. As longas patas traseiras e os braços relativamente curtos do fóssil sugerem que os tapejarídeos poderiam caminhar confortavelmente.

Essas observações sugerem que T. navigans pode ter se comportado de maneira semelhante aos pavões, diz Beccari. A crista do tapejarídeo provavelmente atraiu companheiros, e o pterossauro pode ter voado para o topo das árvores para procurar comida ou escapar de predadores, diz ele. “Mas ele passava a maior parte do tempo andando no chão.”


Publicado em 28/08/2021 14h36

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