Pequenos canais auditivos internos podem dificultar a orientação dos sapos no espaço
Depois de dar um salto, os sapinhos de abóbora voam pelo ar como se fossem arremessados do punho de uma criança. Eles rolam, dão cambalhotas e depois caem no chão, muitas vezes caindo de barriga ou caindo de costas.
“Eu observei muitos sapos e essas são as coisas mais estranhas que já vi”, diz Richard Essner Jr., zoólogo de vertebrados da Southern Illinois University Edwardsville.
Essner e seus colegas agora propõem uma explicação de por que os sapos minúsculos são saltadores desajeitados. Os animais não têm o equipamento giroscópico adequado para detectar pequenas mudanças na rotação, sugere a equipe em 15 de junho na Science Advances.
Quando Essner viu vídeos de manobras aéreas desajeitadas dos sapos Brachycephalus, ficou tão chocado que pegou um avião para estudar os animais com seus colegas no Brasil. Pequenos o suficiente para caber na unha do polegar de uma pessoa, os sapos são difíceis de encontrar na natureza. Os cientistas ouvem os chamados agudos e zumbidos dos anfíbios e, em seguida, colocam o lixo em um saco, na esperança de encontrar alguns sapos.
No laboratório, a equipe usou vídeo de alta velocidade para gravar mais de 100 pequenos saltos de sapos. Os tombos desajeitados sugeriram que os sapos têm dificuldade em se orientar no espaço.
Normalmente, o fluido esguichando através dos tubos ósseos no ouvido interno ajuda os vertebrados a sentir a posição do corpo. Tomografias computadorizadas revelaram que os tubos dos sapos são os menores já registrados para vertebrados adultos. Estudos de outros pequenos animais sugerem que os tubos não funcionam tão bem em miniatura. É difícil para o fluido fluir livremente, diz Essner. Isso significa que os sapos provavelmente não conseguem sentir como estão girando no ar, dificultando a preparação para o pouso.
É possível que placas traseiras ósseas ofereçam proteção contra colisões de algumas espécies, mas os animais podem ficar no chão por segurança. Como Essner observou, os sapos estão “quase sempre rastejando bem devagar”.
Publicado em 18/06/2022 11h27
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