A diversidade de destinos de carbono de florestas tropicais é mais complicada do que pensávamos


As florestas tropicais são sumidouros de carbono extremamente importantes. Precisamos dessas áreas maravilhosamente diversas para ajudar a manter a atmosfera da Terra – e agora, um novo estudo analisou a quantidade de carbono que essas florestas absorvem.

Não é apenas uma curiosidade. A estimativa da eficiência desses sumidouros de carbono natural é um dos inúmeros fatores que precisam ser cuidadosamente calibrados para tornar a modelagem científica das mudanças climáticas o mais útil possível.

O pressuposto geral é que quanto mais diversa a vegetação nas florestas tropicais e maior número de espécies de plantas presentes, mais eficientemente o carbono pode ser capturado.

“Queríamos descobrir quantos detalhes precisamos saber para fazer suposições válidas em termos da força dos sumidouros de carbono tropical”, diz o ecologista Florian Hofhansl, do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA) na Áustria.

“Em outras palavras, quanto carbono é realmente seqüestrado pela vegetação tropical?”

A equipe estudou uma variedade de espécies de plantas, incluindo árvores, palmeiras e lianas (ou trepadeiras), analisando a quantidade de carbono que cada uma estava capturando e os diferentes equilíbrios ecológicos em jogo por trás dessa captura de carbono.

Usando suas próprias medições e dados previamente registrados para a região da Península de Osa na Costa Rica, os pesquisadores avaliaram os fatores bióticos (espécies vegetais) e abióticos (ambiente local) e seu impacto no seqüestro de carbono.

Eles descobriram que há realmente uma interação entre fatores bióticos e abióticos – incluindo propriedades do solo, por exemplo – que afeta o armazenamento de carbono. No caso das palmeiras, por exemplo, se o solo tem baixa disponibilidade de fósforo, as árvores crescem mais abundantemente.

A disponibilidade de recursos como água e nutrientes também desempenha um papel significativo: a equipe descobriu que a textura e a química do solo tiveram um efeito perceptível na composição das plantas, outra das alavancas em funcionamento nesses ecossistemas.

Além disso, os locais com menos recursos continham comunidades vegetais menos diversas do que aqueles com amplo suprimento de água e nutrientes no solo.

O que esses esforços mostram é que não há um cálculo simples para determinar os níveis de armazenamento de carbono para as regiões das florestas tropicais, e nem sempre é o caso de uma variedade maior de plantas que leva à captura de mais carbono. O estudo indica que nossos modelos precisarão ser ainda mais detalhados.

Esses modelos serão inestimáveis quando tentarmos mitigar os efeitos do aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera, seja por meios naturais ou artificiais.

Por fim, dizem os pesquisadores, precisamos combinar dados de vários campos, incluindo botânica, ecologia de plantas e geologia, para ter uma idéia mais precisa de como as florestas tropicais agem como sumidouros de carbono e como isso pode ter efeitos indiretos. o clima.

“Só podemos chegar às conclusões corretas e fornecer projeções futuras de quanto carbono pode ser armazenado se entendermos a complexidade dos sistemas ecológicos e o que isso significa para os feedbacks atmosféricos”, diz Hofhansl.


Publicado em 22/03/2020 09h01

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