Descobertas surpreendentes: Como as faíscas das tempestades moldam a nossa atmosfera

Diagrama esquemático da distúrbio ionosférico de grande escala baixa induzido por descarga no topo das nuvens. Crédito USTC

doi.org/10.1038/s41467-024-51705-y
Credibilidade: 989
#Atmosfera 

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC) fez novas descobertas sobre as descargas elétricas no topo das nuvens de tempestade, fenômenos que ajudam a entender melhor a química da nossa atmosfera.

Durante a observação de um tufão, eles desenvolveram um novo modelo que explica como essas descargas começam e como afetam os gases de efeito estufa na estratosfera.

O que são as Descargas de Coroa?

As descargas de coroa são flashes elétricos que aparecem como brilhos azulados no topo das nuvens de tempestade e podem alcançar a estratosfera, que é uma camada alta da atmosfera. Essas descargas ajudam a transferir energia e substâncias da troposfera (a camada da atmosfera onde vivemos) para as camadas superiores. Elas podem influenciar a quantidade de gases de efeito estufa, como óxidos de nitrogênio e ozônio, que afetam o equilíbrio de radiação da Terra, ou seja, como o planeta aquece ou esfria.

Os cientistas achavam que essas descargas no topo das nuvens eram causadas por desequilíbrios de carga nas nuvens devido aos relâmpagos normais. Mas, por causa das dificuldades de observação, como a cobertura de nuvens e o fenômeno chamado espalhamento de Rayleigh (que dispersa a luz), os cientistas ainda não sabiam ao certo como essas descargas começavam. Por isso, o estudo desses fenômenos sempre chamou muito a atenção da comunidade científica.

Um novo modelo conceitual de mecanismo induzido por descarga de topo de nuvem dominado por grau convectivo. Crédito: USTC

O Impacto na Ciência da Atmosfera:

Com a ajuda de um sistema avançado de detecção de relâmpagos no solo, os pesquisadores observaram descargas chamadas NBEs (Eventos Bipolares Estreitos) durante um tufão na costa da China. Eles notaram que havia uma forte competição de polaridade (cargas positivas e negativas) no topo das nuvens.

A pesquisa revelou que as NBEs positivas ocorrem principalmente quando o ar quente sobe rapidamente no topo da nuvem, enquanto as NBEs negativas aparecem mais quando o ar desce, formando as chamadas plumas de cirros, nuvens que ficam na parte mais baixa da estratosfera. Esse padrão ajudou os cientistas criando um novo modelo, que sugere que a força das correntes de ar dentro das nuvens muda a altura das camadas de carga elétrica. Isso, por sua vez, determina onde e quando as descargas no topo das nuvens acontecem.

Essas descobertas ajudam a entender melhor como as descargas no topo das nuvens afetam a química da estratosfera. Além disso, abrem caminho para mais estudos sobre o papel das tempestades nos processos da atmosfera.


Publicado em 12/11/2024 09h13


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