doi.org/10.3847/1538-4357/ad50a5
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#Constante
Essa descoberta está relacionada a um problema chamado *tensão de Hubble*, que envolve a taxa de expansão do universo.
Astrônomos medem essa expansão de diferentes formas, e o que descobriram é que o universo parece crescer em velocidades diferentes, dependendo da parte do cosmos que está sendo observada. Medições do universo distante e primitivo indicam uma taxa de expansão que se encaixa com nosso modelo atual, mas medições mais próximas da Terra mostram um valor diferente e mais rápido, desafiando o modelo.
Agora, uma nova observação de uma supernova localizada a 10,2 bilhões de anos-luz de distância revelou que esse mistério ainda está longe de ser resolvido. Os cientistas publicaram suas descobertas em uma série de artigos na revista *The Astrophysical Journal* e no banco de dados *arXiv*.
O problema da *tensão de Hubble* é medido de duas maneiras principais. A primeira envolve o estudo das pequenas flutuações no *fundo cósmico de micro-ondas*, uma antiga “impressão digital” do universo criada 380 mil anos após o Big Bang. Com essa técnica, os cientistas estimam uma taxa de expansão de cerca de 67 km/s/Mpc (quilômetros por segundo por megaparsec), valor que coincide com as previsões do nosso modelo cosmológico atual.
A segunda técnica utiliza estrelas chamadas *variáveis Cefeidas*, que pulsam em brilho. Essa técnica, porém, fornece um valor bem maior, de 73,2 km/s/Mpc, que contradiz o primeiro. Embora a diferença pareça pequena, ela é significativa o suficiente para desafiar nosso entendimento do universo. O modelo atual sugere que uma entidade misteriosa, a energia escura, está expandindo o universo a uma taxa constante, mas esses novos dados questionam essa ideia.
Nessas novas observações, os astrônomos usaram a câmera infravermelha do James Webb para estudar um aglomerado de galáxias chamado PLCK G165.7+67.0, a 3,6 bilhões de anos-luz de distância. Eles identificaram três pontos de luz distintos, todos vindo de uma única supernova que teve sua luz amplificada e distorcida pela gravidade de uma galáxia próxima, um fenômeno chamado *lente gravitacional*.
Esse tipo de supernova, chamada *supernova tipo Ia*, é usado como “vela padrão” para medir distâncias no universo, porque elas explodem com o mesmo brilho. Com isso, os astrônomos conseguem calcular a constante de Hubble.
Após mais observações com telescópios baseados em terra, os cientistas confirmaram a origem desses pontos de luz e calcularam uma nova taxa de expansão: 75,4 km/s/Mpc, um valor que novamente contradiz o modelo cosmológico padrão.
Embora esse cálculo não seja a palavra final sobre a tensão de Hubble, a pesquisa sugere que esse mistério ainda levará tempo para ser resolvido. A equipe de cientistas pretende continuar investigando outras supernovas e estrelas em busca de novas pistas sobre essa expansão cósmica.
Publicado em 03/10/2024 18h16
Artigo original:
Estudo original:
- https://doi.org/10.3847/1538-4357/ad50a5
- https://doi.org/10.3847/1538-4357/ad3c43
- https://doi.org/10.3847/1538-4357/ad1034
- https://doi.org/10.1051/0004-6361/202346964
- https://doi.org/10.3847/1538-4357/ad5d59