Em uma região do universo cheia de galáxias, o Telescópio Espacial James Webb focou em uma que brilha tanto que supera o brilho de suas próprias estrelas.
O telescópio identificou a galáxia GS-NDG-9422, que existiu cerca de um bilhão de anos após o Big Bang, e pode ser o elo perdido na evolução galáctica, conectando as primeiras estrelas do universo com galáxias bem estruturadas.
GS-NDG-9422 “vai nos ajudar a entender como a história cósmica começou”, afirmou Alex Cameron, astrônomo observacional da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em um comunicado recente. “Minha primeira reação ao ver o espectro da galáxia foi ‘isso é estranho’, exatamente o tipo de coisa que o telescópio James Webb foi projetado para revelar.”
A galáxia recém-descoberta é discreta – exceto por sua assinatura de luz única, que apresenta padrões que os astrônomos nunca haviam visto antes. De acordo com um artigo publicado por Cameron e seus colegas em junho na revista *Monthly Notices of the Royal Astronomical Society*, essas características são melhor explicadas pelo gás superaquecido da galáxia, e não pelas suas estrelas.
Modelos de computador sugerem que as nuvens de gás aquecidas por estrelas grandes e quentes a ponto de ofuscarem seus locais de nascimento cósmico foram “quase uma correspondência perfeita com as observações do James Webb”, segundo o comunicado. A galáxia parece estar no meio de um processo acelerado de formação estelar, com suas reservas de gás e poeira sendo bombardeadas por incontáveis fótons de luz, e foi essa luz que o telescópio conseguiu captar.
Os dados do telescópio sobre GS-NDG-9422 indicam que suas estrelas “devem ser muito mais quentes e massivas do que as que vemos no universo local”, afirmou Harley Katz, coautor do estudo e professor assistente de astronomia e astrofísica na Universidade de Chicago. “Isso faz sentido, porque o universo primitivo era um ambiente muito diferente.”
As temperaturas dessas estrelas excedem os 80.000 graus Celsius, aproximadamente o dobro da temperatura esperada para estrelas grandes e quentes típicas, de acordo com o novo estudo.
Os astrônomos estão usando as capacidades do James Webb de penetrar no infravermelho para juntar as peças dos primeiros anos do universo, quando havia um número surpreendente de galáxias que cresceram muito rápido e eram grandes pontos de formação estelar.
Entender quão raras eram galáxias incomuns como GS-NDG-9422 na época pode ajudar os astrônomos a refinar os modelos de evolução galáctica.
“É um momento muito empolgante, poder usar o telescópio James Webb para explorar esse período do universo que antes era inacessível”, disse Cameron no comunicado. “Estamos apenas no início de novas descobertas e compreensões.”
Publicado em 27/09/2024 09h27
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