Aglomerados de poeira em torno de uma estrela jovem podem um dia formar planetas

Uma jovem estrela chamada V960 Mon está no centro, com material empoeirado com potencial para formar planetas ao seu redor. V960 Mon está localizado a mais de 5.000 anos-luz da Terra, na constelação de Monoceros. ESO/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/Weber et al.

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A descoberta ‘cativante’ mostra o potencial nascimento de planetas a 5.000 anos-luz da Terra.

Uma nova imagem estelar do European Southern Observatory (ESO) está oferecendo algumas pistas sobre como planetas tão enormes quanto o gigante gasoso Júpiter poderiam se formar. Os pesquisadores usaram o Very Large Telescope (VLT) do ESO e uma instalação internacional de astronomia chamada Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para detectar grandes aglomerados de poeira localizados perto de uma estrela jovem. Os aglomerados podem entrar em colapso e um dia criar planetas. As descobertas foram publicadas em 25 de julho no The Astrophysical Journal Letters.

“Esta descoberta é realmente cativante, pois marca a primeira detecção de aglomerados em torno de uma estrela jovem com potencial para dar origem a planetas gigantes”, disse Alice Zurlo, coautora do estudo e pesquisadora da Universidad Diego Portales, no Chile, em um comunicado.

Esta nova análise é baseada em uma imagem obtida com o instrumento Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch (SPHERE) do VLT, que mostra mais detalhes do material em torno da estrela V960 Mon. Esta é uma jovem estrela localizada a mais de 5.000 anos-luz da Terra, na constelação de Monoceros.

V960 Mon atraiu a atenção dos astrônomos em 2014, quando de repente aumentou seu brilho em mais de 20 vezes. O SPHERE fez observações logo após o início dessa explosão de brilho, que revelou que o material que orbita V960 Mon está se reunindo em uma série de braços espirais que se estendem por distâncias maiores que todo o sistema solar.

Os astrônomos foram motivados por essa descoberta a voltar e olhar para observações mais antigas do mesmo sistema que o ALMA fez. Observações feitas pelo VLT sondam a superfície do material empoeirado ao redor da estrela, enquanto o ALMA pode olhar mais profundamente em sua estrutura.

“Com o ALMA, ficou claro que os braços espirais estão se fragmentando, resultando na formação de aglomerados com massas semelhantes às dos planetas”, disse Zurlo.

Os planetas gigantes se formam quando grãos de poeira se juntam em um núcleo de acreção ou quando grandes fragmentos de material se contraem e colapsam em torno de uma estrela por instabilidade gravitacional. Os astrônomos encontraram evidências de aumento do núcleo, mas o suporte para a instabilidade gravitacional tem sido mais difícil de capturar.

“Ninguém nunca tinha visto uma observação real de instabilidade gravitacional acontecendo em escalas planetárias – até agora”, disse o coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Santiago, Philipp Weber, em um comunicado.

O grupo deste estudo tem procurado sinais de como os planetas se formam há mais de uma década. Espera-se que estudos futuros revelem mais detalhes do V960 Mon e do “cativante sistema planetário em formação”. Segundo a equipe, o futuro Extremely Large Telescope (ELT) terá um papel fundamental. Este novo telescópio está atualmente em construção no deserto do Atacama, no Chile, e poderá observar o sistema V960 Mon com ainda mais detalhes.

“O ELT permitirá a exploração da complexidade química em torno desses aglomerados, ajudando-nos a descobrir mais sobre a composição do material a partir do qual os planetas em potencial estão se formando”, disse Weber.


Publicado em 29/07/2023 12h10

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