Novo catálogo de cores auxilia na busca pela vida em mundos congelados

Com um catálogo de cores baseado nos micróbios da Terra, os astrônomos podem começar a decifrar o tom da vida em exoplanetas distantes e congelados, conforme retratado nesta representação artística de Jack Madden Ph.D. ’20.

Ajudado por micróbios encontrados nas condições subárticas da Baía de Hudson, no Canadá, uma equipe internacional de cientistas criou o primeiro catálogo de cores de assinaturas de superfícies de planetas gelados para descobrir a existência de vida no cosmos.

À medida que os telescópios terrestres e espaciais se tornam maiores e podem sondar a atmosfera de exoplanetas rochosos, os astrônomos precisam de um guia codificado por cores para compará-los e suas luas a micróbios biológicos vibrantes e coloridos na Terra, que podem dominar mundos congelados que circundam estrelas diferentes.

Mas os pesquisadores precisam saber como são os micróbios que vivem em lugares gélidos da Terra antes que possam localizá-los em outros lugares.

O estudo, “Color Catalog of Life in Ice: Surface Biosignatures on Icy Worlds“, publicado na revista Astrobiology, fornece este kit de ferramentas. Investigadores da Universidade de Cornell, do Instituto Superior de Agronomia de Portugal e do Técnico e da Université Laval do Canadá estiveram envolvidos no estudo.

?Na Terra, as cores vibrantes e biológicas do Ártico representam assinaturas de vida em pequenos nichos congelados?, disse a principal autora Lígia F. Coelho, astrobióloga e doutoranda do Técnico. Ela cresceu e mediu essa biota frígida e colorida no Instituto Carl Sagan em Cornell (CSI).

Coelho coletou 80 microorganismos do gelo e da água em Kuujjuarapik, Quebec, trabalhando na congelada Baía de Hudson, obtendo núcleos de gelo e fazendo furos no gelo para coletar amostras de água. Ela adquiriu amostras na foz do rio Great Whale em fevereiro de 2019.

?Ao procurar vida no cosmos, micróbios nessas planícies congeladas do Ártico nos dão uma visão crucial do que procurar em novos mundos frios?, disse Lisa Kaltenegger, autora sênior do artigo, professora de astronomia em Cornell e diretora do Instituto Carl Sagan. Kaltenegger explicou que essa vida microbiana gelada está bem adaptada ao severo bombardeio de radiação do espaço – o que pode ser a norma em exoplanetas distantes sob um sol vermelho.

?Estamos reunindo as ferramentas para procurar vida no universo, para não perdê-la, levando em consideração toda a biosfera vibrante da Terra ? mesmo aquelas nos lugares gelados de tirar o fôlego do nosso Pálido Ponto Azul?, disse Kaltenegger.


Publicado em 17/03/2022 07h58

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