As regiões do México e da América Central são ricas em ruínas maias, mas agora, com a ajuda de satélites, os cientistas estão conseguindo identificar ainda mais locais antigos, mesmo com as densas florestas que cobrem as terras ancestrais desse povo indígena.
Nos últimos 10 anos, arqueólogos mapearam mais locais, construções e características maias do que nos 150 anos anteriores, segundo o professor Brett Houk, da Texas Tech University, durante um simpósio da NASA sobre arqueologia espacial, realizado em 18 de setembro.
Essas descobertas estão sendo possíveis graças ao avanço da tecnologia de satélites, em especial o uso do lidar, uma técnica de laser pulsado que consegue “enxergar? através das copas das árvores e revelar estruturas escondidas na vegetação densa. Houk explicou o uso dessa técnica no simpósio da NASA e Archaeology From Space, que foi transmitido ao vivo.
Exploração das Ruínas Maias
Os maias são povos indígenas cujas terras ancestrais incluem o México, Guatemala e norte de Belize. Antes do século XVI, quando os espanhóis chegaram, os maias dominavam a região, erguendo grandes pirâmides e estruturas de pedra, cultivando a terra e mantendo registros escritos. Locais maias como Chichén Itzá, no México, são hoje considerados patrimônios mundiais pela UNESCO, mas há muitos outros locais maias que permanecem não escavados e até desconhecidos, pois a floresta encobriu seus edifícios após o abandono.
Houk mencionou novas missões lidar, ainda em embargo enquanto aguardam publicação científica revisada, que estão ajudando sua equipe a identificar mais ruínas em uma área de 650 km² no nordeste de Belize, equivalente a 10 vezes o tamanho de Manhattan. Em apenas alguns dias de análise, foram encontrados 28 sítios monumentais, e a equipe pretende iniciar escavações para explorar alguns desses locais, incluindo estudos sobre canais e gestão hídrica.
Adaptações Maias e Mudanças Climáticas
Estudos sugerem que, além da pressão espanhola, a sociedade maia também sofreu mudanças devido ao clima. Hoje, o aquecimento global antropogênico é uma das maiores ameaças às sociedades, com o aumento de inundações e eventos climáticos extremos. Estudar a tecnologia e as adaptações dos maias pode oferecer lições valiosas para enfrentar essas condições modernas. Segundo Tim Murtha, da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte, seu estudo de tecnologia maia por satélite revelou estratégias de adaptação, como terraços de cultivo de milho e reservatórios de água para períodos de seca.
Avanços na Tecnologia de Satélites e IA:
Pequenos satélites, como cubesats, permitem estudar a Terra com mais frequência, pois podem orbitar em altitudes mais baixas e revisitá-la com mais rapidez. Empresas como Planet Labs têm oferecido observações da Terra de grande valor para a arqueologia, embora o custo e o acesso aos dados de satélite sejam desafios constantes.
O uso de inteligência artificial também poderá auxiliar na identificação de ruínas em imagens de satélite no futuro. No entanto, a criação e o treinamento de algoritmos apropriados ainda são caros e complexos. Os especialistas no simpósio pediram mais acesso e educação nessa área para melhorar as investigações arqueológicas e tornar essas tecnologias mais acessíveis para futuras pesquisas.
Publicado em 04/10/2024 08h55
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