Descoberta de um predador gigante no Caribe: um crocodilo terrestre de 6 metros

Os sebecídeos foram os principais predadores até sua extinção no Mioceno. Crédito: Ilustração de Jorge Machuky

doi.org/10.1098/rspb.2024.2891
Credibilidade: 989
#Fósseis 

Fósseis encontrados no Caribe revelam que os sebecídeos, predadores terrestres extintos há muito tempo, viveram na região por muito mais tempo do que se imaginava, mudando o que sabemos sobre a história ecológica antiga

Imagine um crocodilo com o corpo esguio e ágil como o de um galgo. Esse é o sebecídeo! Esses animais, que podiam chegar a 6 metros de comprimento, dominaram a América do Sul após a extinção dos dinossauros, há cerca de 11 milhões de anos.

Pelo menos, era isso que os cientistas pensavam até começarem encontrando dentes fósseis estranhos no Caribe.

“Quando encontramos esses dentes na República Dominicana e em outras ilhas do Caribe, a primeira pergunta foi: o que são esses dentes””, disse Jonathan Bloch, curador de paleontologia de vertebrados no Museu de História Natural da Flórida.

A confusão fazia sentido. Trinta anos antes, cientistas já haviam encontrado dois dentes incomuns em Cuba, com cerca de 18 milhões de anos. Eles eram afiados, com bordas serrilhadas, perfeitos para cortar carne, indicando que pertenciam a um grande predador. Mas, até então, acreditava-se que predadores terrestres grandes nunca tinham vivido nas ilhas do Caribe. O mistério aumentou com a descoberta de outro dente em Porto Rico, esse com 29 milhões de anos. Mesmo assim, apenas dentes não eram prova suficiente para identificar que animal era, e o enigma continuou.

A Grande Descoberta

Tudo mudou no início de 2023, quando uma equipe de pesquisadores encontrou outro dente fossilizado na República Dominicana, mas, dessa vez, junto com duas vértebras. Não era muito, mas foi o suficiente. Os fósseis eram de um sebecídeo, e o Caribe, ao contrário do que se pensava, foi um refúgio para os últimos sebecídeos, pelo menos 5 milhões de anos depois que eles desapareceram em outros lugares.

A descoberta foi descrita em um estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B. O autor principal, Lazaro Viñola Lopez, fez a pesquisa enquanto era estudante na Universidade da Flórida. Ele conta que ficou emocionado ao encontrar os fósseis: “É uma sensação indescritível perceber o que você encontrou.”

Os sebecídeos eram os últimos sobreviventes dos notossúquios, um grupo grande e variado de crocodilianos extintos que existiam desde a era dos dinossauros. Diferentemente dos crocodilos atuais, a maioria vivia totalmente em terra, com tamanhos, dietas e habitats variados.

Esses predadores agiam como dinossauros carnívoros, correndo atrás de presas com suas quatro patas longas e ágeis e rasgando carne com seus dentes afiados. Algumas espécies tinham armaduras de placas ósseas na pele. A extinção em massa que acabou com os dinossauros há 66 milhões de anos quase destruiu os notossúquios, mas, na América do Sul, os sebecídeos sobreviveram e se tornaram os principais predadores.

Provas de Pontes Terrestres Antigas

O mar que separa as ilhas do Caribe da América do Sul seria um grande obstáculo para um sebecídeo, que vivia em terra, atravessar nadando. Ao encontrar os fósseis, os cientistas descobriram pistas que apoiam a hipótese da GAARlandia. Essa teoria sugere que pontes terrestres temporárias ou uma cadeia de ilhas permitiram que animais terrestres viajassem da América do Sul para o Caribe.

Se, como os cientistas acreditam, os dentes serrilhados encontrados em outras ilhas do Caribe também forem de sebecídeos, esses répteis gigantes viveram e moldaram os ecossistemas da região por milhões de anos. Hoje, é difícil encontrar sinais desses grandes predadores terrestres. Sem eles, predadores menores, como aves, cobras e crocodilos, evoluíram para ocupar seu lugar na cadeia alimentar.

“Olhando para o ecossistema atual, ninguém imaginaria isso”, disse Bloch. “A presença de um grande predador é muito diferente do que pensávamos, e é empolgante imaginar o que mais pode ser descoberto nos fósseis do Caribe.?

Essa descoberta confirma o que ecologistas já observaram em outras partes do mundo: ilhas podem funcionar como “museus de biodiversidade”, abrigando plantas e animais que sobrevivem mesmo depois que suas espécies relacionadas desaparecem no continente.

Novas Formas de Estudar o Caribe

Embora os trópicos sejam muito ricos em biodiversidade, boa parte de sua história natural ainda é desconhecida. Por isso, segundo Bloch, essas regiões são tão importantes – e desafiadoras – para os paleontólogos.

No passado, muitos paleontólogos do Caribe buscavam fósseis em cavernas e buracos azuis, onde restos de animais se acumulam. Cavernas protegem os animais de condições difíceis, e aves predadoras, como corujas, levam suas presas para lá, deixando ossos para trás. Buracos azuis preservam fósseis muito bem, pois não têm oxigênio, o que evita a decomposição.

Mas esses lugares só mostram uma parte da biodiversidade antiga, porque a maioria dos fósseis é recente. Para encontrar fósseis mais antigos, os paleontólogos do Caribe estão mudando sua abordagem. Encontrar esses fósseis exige mais esforço e, muitas vezes, sorte. “É como uma nova era de descobertas”, disse Viñola-Lopez, animado com o interesse renovado na região.

Cientistas locais têm a vantagem de agir rápido quando encontram um possível local com fósseis. No Caribe, onde o vento e a chuva desgastam as rochas e as florestas cobrem os sítios fósseis, esses locais não duram muito. “Quando estão cortando uma estrada ou logo depois, você encontra os fósseis. Se esperar alguns anos, eles já sumiram”, explicou Viñola-Lopez.

A descoberta dos fósseis de sebecídeos na República Dominicana só foi possível porque trabalhadores locais estavam cortando uma estrada bem no local dos fósseis. Elson Core, então estudante da Universidade de Porto Rico, encontrou o sítio enquanto estudava camadas de rochas e avisou seus colegas. Viñola-Lopez soube do local por outros paleontólogos e logo planejou uma visita.

Mais Descobertas no Caribe

Esse estudo é apenas uma das muitas descobertas incríveis feitas recentemente no Caribe. Lazaro e sua equipe encontraram o primeiro registro de mosassauros, répteis marinhos gigantes, na região. Além disso, os fósseis mais antigos de preguiças terrestres em Hispaniola ajudaram a preencher lacunas na história paleontológica do Caribe.

Mistérios mais recentes também estão sendo esclarecidos. Pesquisas sugerem que a chegada dos humanos pode ter causado a extinção dos roedores nativos das ilhas. E ainda há muito mais por vir. Como disse Viñola-Lopez, “o sebecídeo é só a ponta do iceberg”.


Publicado em 08/05/2025 00h54


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Texto adaptado por IA (Grok) do original em inglês. Imagens de bibliotecas públicas de imagens ou créditos na legenda. Informações sobre DOI, autor e instituição encontram-se no corpo do artigo.


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