Tudo ocorreu a 11 bilhões de anos-luz de distância.
Os astrônomos descobriram sua primeira visão do que os jatos que explodem em buracos negros supermassivos podem ter feito com o gás circundante no universo jovem.
Os cientistas estão curiosos sobre essa interação em torno de um buraco negro porque acreditam que o fenômeno pode retardar a formação de estrelas na região. E enquanto os astrônomos estudaram essas interações em áreas próximas do universo, eles se esforçaram para fazê-lo a grandes distâncias. Essas distâncias permitem que eles vejam o passado, já que quanto mais a luz precisa viajar para alcançar a Terra, mais cedo no universo ela ilumina. Mas agora, uma equipe de astrônomos acredita ter conseguido esse feito em seu estudo de um objeto chamado MG J0414 + 0534.
“Talvez estejamos presenciando a fase inicial da evolução dos jatos na galáxia”, disse Satoki Matsushita, pesquisador do Instituto de Astronomia e Astrofísica da Academia Sinica em Taiwan e co-autor da nova pesquisa. “Poderia acontecer já várias dezenas de milhares de anos após o lançamento dos jatos”.
Essa expressão reflete o fato de o objeto estar a 11 bilhões de anos-luz da Terra. A única razão pela qual os astrônomos conseguiram identificá-lo é que uma galáxia massiva passou a se alinhar entre os cientistas e seu alvo. O objeto interveniente agia como uma lente gravitacional, ampliando o misterioso objeto do outro lado.
Esse misterioso objeto era um quasar. Embora os buracos negros sejam conhecidos por consumir tudo em seu caminho, isso não é estritamente verdade, e no caso dos quasares, os jatos disparam da parte superior e inferior do buraco negro, cheios de partículas que são aceleradas até a velocidade da luz como eles fogem do buraco negro.
Entre as lentes gravitacionais e o poder da matriz que os cientistas estudavam MG J0414 + 0534, o quasar parecia 9.000 vezes maior em seus dados do que a olho nu, de acordo com o comunicado.
Esse detalhe permitiu que os cientistas determinassem que os jatos estão de fato moldando o gás ao seu redor, elevando as nuvens de gás a velocidades tão rápidas quanto 600 quilômetros por segundo.
“Encontramos evidências reveladoras de interação significativa entre jatos e nuvens gasosas, mesmo na fase evolutiva inicial dos jatos”, disse o autor principal Kaiki Inoue, cosmologista da Universidade Kindai, no Japão, no mesmo comunicado. “Acho que nossa descoberta abrirá o caminho para uma melhor compreensão do processo evolutivo das galáxias no universo primitivo”.
A pesquisa é descrita em um artigo publicado em 27 de março no Astrophysical Journal Letters.
Publicado em 03/04/2020 06h25
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