Surpresa! Terra e lua não são feitas exatamente da mesma coisa.

Esta imagem composta da lua foi construída usando dados coletados pela missão Clementine da NASA em 1994.

A lua e a Terra podem ser mais diferentes do que se pensava anteriormente, desafiando os modelos existentes de como a lua se formou, segundo um novo estudo.

A Terra se originou cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, e pesquisas anteriores sugeriram que a lua surgiu pouco tempo depois disso. Nas últimas três décadas, a explicação predominante para a origem da lua foi que ela resultou da colisão de dois protoplanetas, ou mundos embrionários. Uma delas era a Terra recém-nascida, e a outra era uma rocha do tamanho de Marte apelidada de Theia, em homenagem à mãe da lua no mito grego. “Quando a poeira baixou, restaram dois corpos – a Terra e a lua”, disse o coautor do estudo Zachary Sharp, cientista planetário da Universidade do Novo México em Albuquerque.

Essa “hipótese de impacto gigante” parecia explicar muitos detalhes sobre a Terra e a lua, como o tamanho grande da lua em comparação com a Terra e as taxas de rotação dos dois corpos. No entanto, nos últimos 20 anos, surgiram evidências para contestar essa hipótese e sugerir uma infinidade de alternativas.

Modelos de computador do cenário de impacto gigante costumam dizer que 70% a 90% da lua deve ser feita de material de Theia. O problema é que a maioria dos corpos do sistema solar possui composições químicas únicas e, portanto, a Terra, Theia – e, portanto, a lua – também devem. No entanto, amostras de rochas que as missões Apollo retornaram da Lua mostram que a composição do satélite natural é estranhamente semelhante à da Terra, muito mais semelhante do que esses modelos previam para versões de elementos chamados isótopos. (Os isótopos de um elemento têm diferentes números de nêutrons em seus núcleos atômicos.)

Essa extrema semelhança em isótopos de elementos como o oxigênio levantou grandes desafios para o cenário de impacto gigante. Uma possibilidade é que a proto-Terra e Theia fossem quase idênticas no início quando se tratava de isótopos de oxigênio, o que parece improvável. Outra é que os isótopos de oxigênio da proto-Terra e de Theia foram completamente misturados após a colisão, talvez devido a um impacto tão violento que vaporizou uma grande parte da Terra primitiva, com a lua emergindo da resultante forma de rosca massa chamada sinestia. Mas este e outros cenários podem exigir condições de impacto improváveis, disseram os cientistas.

No novo estudo, os pesquisadores realizaram novas medições de alta precisão dos níveis de isótopos de oxigênio em uma variedade de amostras lunares. Os pesquisadores expandiram o trabalho anterior, concentrando-se em uma grande variedade de tipos de rochas da lua.

Os cientistas descobriram que havia diferenças sutis, mas regulares, na composição isotópica de oxigênio, dependendo do tipo de rocha lunar testada, disse Sharp. Isso sugeriu que o trabalho anterior que calculou a média dos dados dos isótopos lunares, ignorando as diferenças no tipo de rocha, pode não ter fornecido uma imagem precisa das diferenças entre a Terra e a lua.

“Entrando neste projeto, esperava-se que nossos resultados provavelmente refletissem os de estudos anteriores”, disse ao Space.com o principal autor do estudo, Erick Cano, geoquímico de isótopos estáveis da Universidade do Novo México. “A parte mais surpreendente de nossos resultados foi encontrar a quantidade de variação que fizemos entre as amostras lunares individuais”.


Publicado em 09/03/2020 20h50

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