O Telescópio Hubble vê ”vulcão estelar” em erupção com cores incríveis

Visão do Telescópio Espacial Hubble da NASA do sistema estelar binário R Aquarii, uma das estrelas mais turbulentas da nossa galáxia, tecendo um enorme padrão espiral entre as estrelas. (Crédito da imagem: NASA, ESA, Matthias Stute, Margarita Karovska, Davide De Martin (ESA/Hubble), Mahdi Zamani (ESA/Hubble))

#Nebulosa 

O Telescópio Espacial Hubble capturou uma imagem detalhada de duas estrelas próximas que estão em contato há séculos, revelando novamente a relação complexa e agitada desse par estelar.

A nebulosa R Aquarii parece um “aspersor de jardim fora de controle.”

A nebulosa impressionante, em forma de ampulheta, foi formada pela interação de séculos entre dois astros bem diferentes: uma anã branca compacta, que muda pouco, e sua companheira, uma gigante vermelha envelhecida que já se expandiu para mais de 400 vezes o tamanho do nosso Sol e que varia seu brilho ao longo de um período de 387 dias terrestres.

Esse sistema estelar, chamado R Aquarii, está localizado a cerca de 710 anos-luz da Terra, na constelação de Aquário. Ele faz parte de uma classe especial de estrelas chamadas “variáveis simbióticas”, um termo inspirado na biologia, que se refere a dois organismos de espécies diferentes vivendo juntos e interagindo de perto.

Time-lapse: Evolução de R Aquarii (2014 a 2023)

Na verdade, a anã branca se aproxima bastante da gigante vermelha durante sua órbita de 44 anos, sugando material para sua superfície e, às vezes, explodindo como “uma enorme bomba de hidrogênio”, segundo a equipe do Hubble.

Essas explosões liberam para o espaço jatos retorcidos de gás brilhante, fazendo a região parecer “um aspersor de jardim fora de controle”. O material ejetado é lançado a uma velocidade superior a 1,6 milhão de km/h, o que é rápido o suficiente para percorrer a distância da Terra à Lua em apenas 15 minutos!

Isso mostra como o universo distribui os produtos da energia nuclear gerados no interior das estrelas e os lança de volta ao espaço. Alguns desses produtos incluem elementos mais pesados, como carbono, nitrogênio e oxigênio, que são essenciais para a formação de planetas como o nosso e para a vida.

R Aquarii é uma das estrelas simbióticas mais próximas e, por isso, tem sido estudada por vários telescópios espaciais e terrestres. O Hubble começou a observá-la logo após seu lançamento em 1990. Dez anos depois, o observatório de raios X Chandra começou a monitorar as mudanças na emissão de raios X da nebulosa, especialmente as que vêm do jato de gás e das ondas de choque geradas quando o jato colide com o material ao redor. Com base nessas observações, os astrônomos acreditam que a última explosão da anã branca ocorreu no final da década de 1970, sugerindo que a próxima erupção pode ocorrer apenas por volta do ano 2470.

A imagem mais recente do Hubble mostra que o material ejetado formou um padrão espiral, resultado da força da explosão e dos campos magnéticos que o torceram enquanto era empurrado para fora.

Time-lapse: Evolução de R Aquarii (2014 a 2023)

Os cientistas também juntaram cinco imagens do Hubble tiradas na última década em um vídeo que destaca as variações de brilho do par estelar, causadas pelas pulsações da gigante vermelha, e a evolução dramática da nebulosa ao redor.

Usando essas imagens, os astrônomos conseguiram rastrear o material emitido a uma distância de pelo menos 400 bilhões de quilômetros da estrela, o que equivale a 24 vezes o diâmetro do nosso sistema solar – um feito extraordinário, mesmo em termos astronômicos.


Publicado em 28/10/2024 10h25


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