doi.org/10.1126/sciadv.adq0604
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#Atmosfera
Os rios atmosféricos são faixas longas e estreitas de vapor d´água no céu que trazem chuva intensa e tempestades para a Costa Oeste dos EUA e outras regiões do mundo. Esses “rios no céu” estão se movendo em direção aos polos e isso está mudando os padrões climáticos em várias partes do planeta.
O que são os rios atmosféricos”
Esses rios atmosféricos não aparecem apenas na Costa Oeste dos EUA. Eles se formam em muitos lugares do mundo e são responsáveis por mais da metade do escoamento médio anual de água em regiões como o Sudeste e Oeste dos EUA, Sudeste Asiático, Nova Zelândia, norte da Espanha, Portugal, Reino Unido e centro-sul do Chile. Na Califórnia, por exemplo, até 50% das chuvas anuais vêm desses rios atmosféricos.
Quando esses rios chegam a latitudes mais ao norte, podem até derreter o gelo do Ártico, afetando o clima global. Um estudo recente publicado na revista *Science Advances*, por cientistas da Universidade da Califórnia, mostrou que nos últimos 40 anos, esses rios atmosféricos se moveram cerca de 6 a 10 graus em direção aos polos.
Por que esses rios estão se movendo
Os cientistas descobriram que, desde 2000, as temperaturas da superfície do mar na parte leste do Oceano Pacífico estão esfriando, o que afeta a circulação atmosférica em todo o mundo. Esse resfriamento é frequentemente associado às condições do fenômeno La Niña, que empurra os rios atmosféricos para mais perto dos polos.
Esse movimento dos rios atmosféricos é explicado como uma cadeia de processos interconectados. Durante a La Niña, o resfriamento no Pacífico leste faz com que a circulação de ar chamada circulação de Walker fique mais forte no Pacífico oeste, o que expande a área de chuvas tropicais. Essas mudanças na chuva e nos ventos fazem com que os rios atmosféricos se movam para mais perto dos polos.
Por outro lado, durante o El Niño, quando a água do mar está mais quente, os rios atmosféricos não se movem tanto para longe do equador.
Como isso afeta o clima local
A mudança dos rios atmosféricos pode ter grandes impactos nos climas locais. Nas regiões subtropicais, onde esses rios estão se tornando menos comuns, podem acontecer secas mais longas e menos água disponível. Lugares como a Califórnia e o sul do Brasil dependem dessas chuvas para encher os reservatórios e apoiar a agricultura. Sem essa umidade, essas áreas podem enfrentar mais escassez de água, causando problemas para comunidades, fazendas e ecossistemas.
Em latitudes mais altas, os rios atmosféricos que estão se movendo para mais perto dos polos podem trazer chuvas mais extremas, inundações e deslizamentos de terra em lugares como o Noroeste dos EUA, Europa e até nas regiões polares. No Ártico, a chegada de mais rios atmosféricos pode acelerar o derretimento do gelo do mar, contribuindo para o aquecimento global e afetando animais que dependem do gelo para sobreviver.
O que isso significa para o futuro
Até agora, as mudanças que vimos são principalmente resultado de processos naturais, mas o aquecimento global causado pelo ser humano também tem um papel importante. Com o aumento das temperaturas, espera-se que os rios atmosféricos se tornem mais frequentes e intensos, já que uma atmosfera mais quente consegue segurar mais umidade.
No entanto, como isso vai continuar mudando à medida que o planeta esquenta é menos claro. Prever essas mudanças no futuro é incerto, principalmente por causa das dificuldades em prever as variações naturais entre El Niño e La Niña, que desempenham um papel importante no movimento dos rios atmosféricos.
À medida que o mundo continua a aquecer, os rios atmosféricos e as chuvas essenciais que eles trazem continuarão mudando de rota. Precisamos entender e nos adaptar a essas mudanças para que as comunidades possam continuar prosperando em um clima em constante mudança.
Publicado em 27/10/2024 20h21
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