Mistérios da Via Láctea: Astrônomos revelam a posição única de nossa galáxia no Cosmos

Uma imagem de uma galáxia semelhante à Via Láctea e seu sistema de galáxias satélites. A pesquisa SAGA identificou seis pequenas galáxias satélites em órbita ao redor deste análogo da Via Láctea. Crédito: Yasmeen Asali (Yale), com imagens do DESI Legacy Surveys Sky Viewer

doi.org/10.48550/arXiv.2404.14498
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#Via Láctea 

Cientistas do projeto SAGA Survey estudaram 101 galáxias com massa similar à Via Láctea e descobriram que a nossa galáxia pode ter menos galáxias satélites do que o esperado. A pesquisa destacou a supressão da formação de estrelas nessas galáxias satélites e apresentou um novo modelo para prever a evolução galáctica. Além disso, o grupo forneceu dados importantes sobre redshifts (medidas de distância) para 46 mil galáxias, que apoiarão futuras pesquisas.

Investigando a Singularidade da Via Láctea

Será que a Via Láctea, nossa galáxia, é realmente única? Em 2013, um grupo de cientistas iniciou o projeto Satellites Around Galactic Analogs (SAGA), com o objetivo de explorar sistemas de galáxias semelhantes à nossa. Recentemente, o SAGA Survey publicou três novos artigos que trazem novas perspectivas sobre a singularidade da Via Láctea após realizar um censo completo de 101 sistemas de satélites similares ao nosso.

As “galáxias satélites” são galáxias menores, em termos de massa e tamanho, que orbitam uma galáxia maior, chamada de galáxia hospedeira. Assim como os satélites artificiais orbitam a Terra, essas galáxias são mantidas pela gravidade da galáxia hospedeira e sua matéria escura. A Via Láctea, por exemplo, é a galáxia hospedeira de várias galáxias satélites, sendo as maiores as Nuvens de Magalhães (Grande e Pequena), visíveis a olho nu no Hemisfério Sul. Contudo, existem outras galáxias satélites mais fracas, observáveis apenas com telescópios potentes.

O Objetivo Ambicioso do Projeto SAGA:

O SAGA Survey busca caracterizar sistemas de galáxias satélites em torno de outras galáxias hospedeiras com massas estelares semelhantes às da Via Láctea. O projeto é liderado por Yao-Yuan Mao, da Universidade de Utah, junto com Marla Geha, da Universidade de Yale, e Risa Wechsler, da Universidade de Stanford. Os artigos recentemente publicados no *Astrophysical Journal* trazem os últimos achados do projeto e disponibilizam os dados para a comunidade científica.

Um mosaico de imagens de 378 satélites em 101 sistemas semelhantes à Via Láctea que a equipe SAGA pesquisou. As imagens de satélite são classificadas por sua luminosidade da esquerda para a direita. Crédito: Yao-Yuan Mao (Utah), com imagens do DESI Legacy Surveys Sky Viewer

A Via Láctea

Um Caso à Parte Entre as Galáxias”

O primeiro estudo, liderado por Mao, identificou 378 galáxias satélites em 101 sistemas com massa semelhante à da Via Láctea. O número de satélites por sistema variou de zero a 13, enquanto a Via Láctea possui quatro satélites confirmados. Embora esse número seja comparável aos sistemas observados, “a Via Láctea parece ter menos satélites se considerarmos a presença da Grande Nuvem de Magalhães (LMC)”, explica Mao. Os dados mostram que sistemas com um satélite maciço, como a LMC, tendem a ter mais galáxias satélites.

Uma explicação para essa diferença pode ser o fato de que a Via Láctea adquiriu a LMC e a Pequena Nuvem de Magalhães (SMC) recentemente, em comparação com a idade do universo. Se a Via Láctea for uma galáxia hospedeira mais antiga e ligeiramente menos massiva, com a adição recente dessas nuvens, seria esperado que tivesse um menor número de satélites.

Formação de Estrelas nas Galáxias Satélites:

O segundo estudo, liderado por Geha, explora se as galáxias satélites ainda estão formando estrelas. Entender os mecanismos que interrompem a formação estelar é essencial para compreender a evolução das galáxias. Os pesquisadores descobriram que satélites mais próximos de suas galáxias hospedeiras são mais propensos a ter a formação de estrelas “extinguida” ou suprimida, sugerindo que fatores ambientais influenciam o ciclo de vida dessas galáxias.

Imagem de três galáxias semelhantes à Via Láctea e seus sistemas de galáxias satélites. A pesquisa SAGA identificou duas, seis e nove pequenas galáxias satélites nesses três sistemas, respectivamente. Crédito: Yasmeen Asali (Yale), com imagens do DESI Legacy Surveys Sky Viewer

Modelagem da Formação de Galáxias

O terceiro estudo, liderado por Yunchong (Richie) Wang, utiliza os dados do SAGA para aprimorar modelos teóricos de formação galáctica. Com base no número de satélites com formação estelar suprimida, o modelo prevê que galáxias com essa característica também devem existir em ambientes mais isolados. Essa previsão poderá ser testada em breve com novos levantamentos astronômicos.

Contribuição Valiosa para a Astronomia:

Além dos resultados que avançam nosso entendimento sobre a evolução galáctica, o SAGA Survey também trouxe um “presente” para a comunidade astronômica: dados de redshift para cerca de 46 mil galáxias. “Encontrar essas galáxias satélites é como achar agulhas em um palheiro”, comenta Mao. Esses novos dados possibilitarão o estudo de uma ampla variedade de tópicos além das galáxias satélites.

Esses estudos fornecem uma nova visão sobre a posição especial da Via Láctea no universo e os fatores que podem ter moldado a sua formação e evolução ao longo do tempo.


Publicado em 15/10/2024 18h00

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