doi.org/10.1007/s00126-024-01310-2
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#Cristais
Uma pesquisa recente da Universidade de Göttingen revelou que os geodos de ametista encontrados no Uruguai se formaram em baixas temperaturas, a partir de fluidos semelhantes à água subterrânea. Com base em extensos levantamentos geológicos e métodos analíticos inovadores, os pesquisadores propuseram um novo modelo para explicar como essas formações se desenvolveram.
A ametista, uma variedade violeta do quartzo, é usada como gema há séculos e é um recurso econômico importante no norte do Uruguai. Geodos são formações rochosas ocas que muitas vezes contêm cristais de quartzo, como a ametista, em seu interior.
No Uruguai, esses geodos de ametista foram encontrados em fluxos de lava resfriada que datam da separação inicial do supercontinente Gondwana, há cerca de 134 milhões de anos. No entanto, a forma como eles se formaram permaneceu um mistério.
Desvendando o Mistério da Formação das Ametistas:
Agora, uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade de Göttingen utilizou técnicas de ponta para investigar a formação dos geodos de ametista no norte do Uruguai. Eles descobriram que essas formações se cristalizaram a temperaturas surpreendentemente baixas, entre 15 e 60 °C. Esse achado, combinado com outros resultados, permitiu aos cientistas propor um novo modelo para explicar a formação desses geodos.
Técnicas Avançadas de Pesquisa no Uruguai
A pesquisa, publicada na revista *Mineralium Deposita*, foi realizada no Distrito de Los Catalanes, onde a ametista é extraída há mais de 150 anos. A área é famosa pela cor violeta intensa e pela alta qualidade de suas gemas, além de abrigar geodos gigantes de até 5 metros de altura. Os depósitos dessa região são considerados um dos 100 principais patrimônios geológicos do mundo, destacando seu valor científico e natural. No entanto, a limitada compreensão de como esses geodos se formaram dificultava sua localização, que dependia muito da experiência dos mineradores.
Para enfrentar esse desafio, os pesquisadores realizaram levantamentos geológicos abrangentes em mais de 30 minas ativas, analisando os minerais dos geodos, a água presente neles e a água subterrânea. Usando técnicas avançadas, como microtermometria assistida por nucleação e geoquímica de isótopos triplos de oxigênio, a equipe descobriu novas informações sobre a formação desses geodos valiosos. Além de constatar que os geodos se formaram em temperaturas de cristalização baixas, os cientistas também mostraram que os fluidos mineralizadores tinham baixa salinidade e uma composição isotópica compatível com a água proveniente do ciclo natural das chuvas, provavelmente originária de águas subterrâneas armazenadas em rochas próximas.
Entendendo a Cristalização das Ametistas
“A precisão dessas novas técnicas nos permitiu estimar com confiança a temperatura e a composição dos fluidos mineralizadores”, disse Fiorella Arduin Rode, autora principal e pesquisadora de doutorado no Centro de Geociências da Universidade de Göttingen. “Nossos achados apoiam a ideia de que essas ametistas se cristalizaram em baixas temperaturas, a partir de fluidos semelhantes à água subterrânea.”
O estudo propõe um modelo em que fases minerais, como a ametista, se cristalizam em cavidades vulcânicas de uma rocha escura chamada basalto, influenciadas por variações regionais na temperatura da crosta terrestre. Arduin Rode acrescenta: “Compreender as condições de formação das ametistas – como a temperatura e a composição do fluido mineralizador, além da fonte de sílica, o momento da mineralização e sua relação com as rochas hospedeiras – é crucial para desvendar o processo. Isso pode melhorar significativamente as técnicas de exploração e levar a estratégias de mineração mais sustentáveis no futuro.”
Publicado em 13/10/2024 18h57
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