Descobertas surpreendentes: Produtos químicos comuns em shampoos e plásticos podem silenciosamente alterar o ritmo do coração

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#Cardíaco 

Os fenóis ambientais estão presentes em diversos produtos do dia a dia, como conservantes em alimentos embalados, parabenos em shampoos e bisfenol A (BPA) em utensílios de plástico. Isso significa que estamos expostos a essas substâncias químicas diariamente.

Estudo da Universidade de Cincinnati liga fenóis ambientais a toxicidades cardíacas

Alguns desses fenóis são conhecidos por terem toxicidade cardíaca. Agora, um estudo interdisciplinar, conduzido por quatro professores da Faculdade de Medicina da Universidade de Cincinnati, está revelando como esses compostos afetam as propriedades elétricas do coração. A pesquisa foi publicada na revista *Environmental Health*.

“Este é o primeiro estudo a analisar o impacto da exposição a fenóis no sistema elétrico cardíaco em humanos”, explicou o Dr. Hong-Sheng Wang, professor no Departamento de Farmacologia, Fisiologia e Neurobiologia e principal autor do estudo.

Os pesquisadores utilizaram dados do *Fernald Community Cohort*, que inclui cerca de 10.000 pessoas que viviam perto de um antigo local de processamento de urânio do Departamento de Energia dos EUA, em Fernald, nos arredores de Cincinnati. Embora a maioria dessas pessoas não tenha tido exposição significativa ao urânio, os dados coletados, como amostras biológicas e registros médicos, foram fundamentais para a análise, pois as conclusões podem ser aplicadas à população em geral.

As amostras de urina e os eletrocardiogramas (ECGs), que medem a atividade elétrica do coração, foram analisados no mesmo dia, permitindo que os cientistas relacionassem a exposição aos fenóis com possíveis alterações na atividade elétrica do coração.

Um estudo da Universidade de Cincinnati descobriu que fenóis ambientais, comumente encontrados em produtos de consumo, podem alterar a atividade elétrica cardíaca, com efeitos específicos diferentes entre homens e mulheres. Essas mudanças moderadas provavelmente não prejudicam indivíduos saudáveis, mas podem piorar as condições cardíacas existentes, particularmente em populações vulneráveis.

Resultados sobre a Atividade Elétrica do Coração

Um dos principais objetivos do estudo foi identificar possíveis mudanças nos parâmetros do ECG associadas à exposição a fenóis ambientais.

O coração é controlado por sinais elétricos, então qualquer alteração nessa atividade pode causar impactos negativos, como arritmias (ritmos cardíacos irregulares).

O estudo concluiu que a exposição elevada a alguns fenóis está ligada a alterações na atividade elétrica do coração.

Em mulheres, os pesquisadores descobriram que maiores níveis de exposição ao BPA, BPF (um tipo relacionado ao BPA) e BPA+F estão associados a um aumento no intervalo PR, que é o tempo que os sinais elétricos levam para ir da parte superior do coração (átrios) até a parte inferior (ventrículos).

“Nossos resultados foram bastante específicos em relação ao sexo”, disse Wang. Em mulheres, também foi identificada uma associação com maior duração do QRS (contração dos ventrículos), o que indica um possível mau funcionamento dos impulsos elétricos do coração, especialmente em mulheres com maior índice de massa corporal (IMC).

Nos homens, foi observada uma ligação entre maior exposição ao triclocarban (TCC), um agente antimicrobiano, e intervalos QT mais longos, o que significa que o sistema elétrico do coração demora mais para se “recarregar”, o que pode causar problemas no ritmo cardíaco. Vale notar que o TCC já foi banido nos Estados Unidos.

Implicações para a Saúde do Coração:

Wang destacou que os níveis típicos de exposição a esses produtos químicos provavelmente não causam doenças cardíacas graves em pessoas saudáveis.

“As mudanças que observamos não foram dramáticas, mas moderadas”, disse ele. “No entanto, foram mais evidentes em certas subpopulações.”

Essas alterações na atividade cardíaca podem piorar doenças cardíacas já existentes ou arritmias, especialmente em adultos mais velhos ou pessoas com outros fatores de risco.

“O próximo passo seria examinar novos produtos químicos ambientais e focar no impacto que eles têm em pessoas predispostas a doenças cardíacas”, concluiu Wang.


Publicado em 10/10/2024 23h05

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