Telescópio James Webb revela um estranho ”Planeta Pipoca” com uma atmosfera assimétrica

Ilustração artística do exoplaneta WASP-107 b em órbita ao redor de sua estrela hospedeira. Esta ilustração é baseada em observações de trânsito do instrumento NIRCam do Telescópio Espacial James Webb da NASA, bem como de outros telescópios espaciais e terrestres. Crédito: Rachel Amaro, Universidade do Arizona

doi.org/10.1038/s41550-024-02367-9
Credibilidade: 989
#Planeta 

Usando o Telescópio Espacial James Webb, astrônomos descobriram novos detalhes sobre a atmosfera do exoplaneta WASP-107b, conhecido como “planeta pipoca” por causa de sua atmosfera inchada. As descobertas recentes mostram uma assimetria surpreendente entre o leste e o oeste de sua atmosfera, algo nunca antes observado, trazendo novas informações sobre as condições atmosféricas desse corpo celeste único.

Novas Surpresas do “Planeta Pipoca”

O intrigante “planeta pipoca” está de volta ao foco das atenções! Uma equipe internacional de astrônomos, utilizando o telescópio Webb, encontrou novos detalhes sobre a atmosfera de WASP-107b, um exoplaneta que parece “inchado” devido ao aquecimento causado pelas marés gravitacionais. Antes já descrito como um planeta de densidade extremamente baixa, as novas observações mostram características ainda mais surpreendentes, como uma atmosfera dinâmica e expandida.

WASP-107b é um gigante gasoso, do tamanho de Júpiter, mas com apenas um décimo de sua massa. Isso já intrigava os astrônomos por conta de seu estado “inflado”. Agora, com as observações detalhadas do Webb, foi possível identificar uma assimetria entre o leste e o oeste da atmosfera do planeta”uma descoberta inédita em exoplanetas.

O que as Novas Observações Revelaram

Luis Welbanks, coautor do estudo e pesquisador da Universidade Estadual do Arizona, explicou: “Antes, descobrimos que o WASP-107b era extremamente ‘inchado’, quase como se o planeta tivesse ‘pipocado’ com seu próprio calor. Agora, com o Webb, estamos vendo a atmosfera em três dimensões e há ainda mais surpresas!”

O estudo foi publicado na revista *Nature Astronomy* em 24 de setembro e liderado por Matthew Murphy, estudante da Universidade do Arizona, com contribuições de Welbanks e do professor associado Michael Line.

Descoberta da Assimetria Atmosférica

Estudos anteriores já haviam mostrado que o WASP-107b era mais quente no seu interior e tinha um núcleo mais massivo do que se pensava, devido à detecção de várias moléculas como carbono, oxigênio, nitrogênio e enxofre. Agora, com a reanálise dos dados do Webb, foi identificada uma diferença entre as duas metades da atmosfera do planeta, sugerindo que o lado leste e o lado oeste têm propriedades diferentes.

“Essa assimetria é muito intrigante. A análise inicial sugere que pode ser causada por mais nuvens em um lado do que no outro, mas também pode estar relacionada a como o calor é distribuído na atmosfera do planeta,” explicou Line. “É como se um lado do WASP-107b estivesse ‘cozinhando’ mais rápido que o outro!”

Travado por Maré e Características Climáticas Únicas:

WASP-107b está preso por maré à sua estrela, o que significa que um lado do planeta está sempre virado para a estrela (com luz constante), enquanto o outro permanece em escuridão perpétua. Essa condição, junto com sua baixa gravidade e estado inflado, torna WASP-107b ideal para estudar processos atmosféricos únicos.

Os pesquisadores usaram uma técnica chamada espectroscopia de transmissão para analisar a luz da estrela que passa pela atmosfera do exoplaneta. O telescópio Webb, com sua alta sensibilidade, permitiu separar e examinar os sinais das bordas leste e oeste da atmosfera de forma muito mais detalhada do que nunca.

Conclusão e Próximos Passos:

A atmosfera de WASP-107b, que alcança temperaturas em torno de 475°C, está em uma faixa intermediária entre os planetas do nosso sistema solar e os exoplanetas mais quentes conhecidos. Isso faz dele um alvo importante para entender a dinâmica atmosférica de diferentes tipos de exoplanetas.

Murphy, o principal autor do estudo, explicou: “Muitos modelos diziam que um planeta como o WASP-107b não deveria ter essa assimetria, então já estamos aprendendo algo novo.” Agora, os cientistas planejam continuar as observações para entender melhor o que está por trás dessa assimetria e como ela afeta a estrutura e o comportamento atmosférico do “planeta pipoca.”

Esses estudos futuros ajudarão a decifrar como esses exoplanetas inflados mantêm suas formas e como fatores como calor, ventos e a química atmosférica interagem para criar condições tão únicas.


Publicado em 10/10/2024 00h05

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