doi.org/10.1038/s43247-024-01700-4
Credibilidade: 999
#Cratera
Pesquisadores da Universidade Heriot-Watt publicaram hoje imagens inéditas de uma cratera de impacto de asteroide enterrada no fundo do Oceano Atlântico.
Essas imagens confirmam que a Cratera Nadir, com 9 km de largura e localizada a 300 metros abaixo do fundo oceânico, foi causada por um asteroide que colidiu com a Terra no final do período Cretáceo, há cerca de 66 milhões de anos.
Essa cratera tem a mesma idade que a famosa cratera Chicxulub, no México, que tem 200 km de largura e está associada à extinção dos dinossauros. As novas imagens ajudam os pesquisadores a entender o que aconteceu nos minutos seguintes ao impacto, como a formação de uma cratera em forma de tigela, rochas que se tornaram líquidas e fluíram de volta para o chão da cratera, uma zona de destruição se espalhando por milhares de quilômetros e um tsunami de mais de 800 metros que teria cruzado o Atlântico.
Uma marca de 66 milhões de anos sob o mar:
O Dr. Uisdean Nicholson, da Universidade Heriot-Watt, descobriu a Cratera Nadir em 2022 ao estudar dados de reflexão sísmica do fundo do oceano, na costa de Guiné, na África Ocidental. Esses dados revelaram uma depressão de mais de 8,5 km de largura, que ele suspeitou ser uma cratera de impacto de asteroide.
Trabalhando com cientistas planetários e geólogos do Reino Unido e dos Estados Unidos, ele conseguiu classificar a cratera. Os dados sugeriam que o asteroide tinha centenas de metros de largura, mas ainda não podiam confirmar isso com certeza.
Agora, com dados sísmicos tridimensionais de alta resolução fornecidos por uma empresa global de geofísica, a origem da cratera foi confirmada.
Uma visão em 3D:
Segundo o Dr. Nicholson, as novas imagens em 3D permitem analisar a cratera em detalhes nunca vistos antes. Diferente das crateras na Terra, que geralmente são erodidas, e das crateras em corpos planetários, onde só se vê a superfície, essas imagens mostram toda a estrutura da cratera em diferentes níveis de profundidade. Isso é comparado a uma ultrassonografia de gravidez: enquanto as versões antigas mostravam apenas formas borradas, atualmente podemos ver o bebê em detalhes.
O impacto e suas consequências:
As imagens mostram como o impacto foi catastrófico. O asteroide, que agora se estima ter entre 450 e 500 metros de largura, provavelmente atingiu a Terra a uma velocidade de 72 mil km/h. O impacto formou uma cratera com uma “borda” visível e causou deslizamentos de terra no fundo do oceano. Além disso, há evidências de tsunamis formados pelo impacto, tanto ondas que se afastaram da cratera quanto que retornaram a ela.
Um laboratório natural para estudos de impactos de asteroides:
Crateras como Nadir são oportunidades valiosas para testar teorias sobre impactos de asteroides. A equipe de pesquisadores já solicitou permissão para perfurar o solo oceânico na região e obter amostras que possam fornecer mais informações sobre a pressão do impacto e a sequência exata de eventos.
Diferente da Lua, as crateras na Terra se desgastam com o tempo, mas a Cratera Nadir, preservada sob o oceano, oferece uma rara oportunidade de estudar um impacto dessa magnitude em detalhes.
Um asteroide desse tamanho pode atingir a Terra”
Embora eventos como o que criou a Cratera Nadir sejam raros, asteroides de tamanho significativo ainda representam um risco. O asteroide Bennu, por exemplo, tem cerca de 400 metros de diâmetro e uma probabilidade de 0,057% de colidir com a Terra até o ano 2300, com a data mais crítica sendo 24 de setembro de 2182.”
Publicado em 08/10/2024 01h55
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