doi.org/10.3847/1538-4357/ad7368
Credibilidade: 989
#Estrela
A NASA, por meio de sua missão de caça a exoplanetas, o satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), descobriu um sistema estelar triplo recordista, composto por três estrelas orbitando tão perto umas das outras que todo o sistema caberia entre o Sol e Mercúrio.
Esse sistema, denominado TIC 290061484, tem duas estrelas gêmeas que completam uma órbita ao redor uma da outra a cada 1,8 dias terrestres, enquanto uma terceira estrela orbita as duas a cada 25 dias. Localizado a menos de 5.000 anos-luz de distância, na constelação do Cisne (Cygnus), este sistema bateu o recorde de órbita mais apertada entre estrelas triplas. O recorde anterior era de Lamba Tauri, descoberto em 1956, cujo terceiro astro leva 33 dias para orbitar o par interno de estrelas.
O time que fez a descoberta contou com a ajuda de cientistas cidadãos, que haviam participado do projeto Planet Hunters, encerrado em 2013. Esse grupo colaborou com astrônomos profissionais para formar o Visual Survey Group, uma colaboração que já dura uma década.
De acordo com Veselin Kostov, do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, essa configuração compacta das estrelas permite medir com precisão suas órbitas, massas, tamanhos e temperaturas, além de ajudar a entender como o sistema se formou e como pode evoluir no futuro.
A estabilidade do sistema e seu futuro:
O sistema TIC 290061484 parece ser extremamente estável, já que as três estrelas orbitam praticamente no mesmo plano. Se suas órbitas fossem inclinadas em direções diferentes, a força gravitacional entre elas poderia desestabilizar o sistema. No entanto, essa estabilidade não durará para sempre. Em alguns milhões de anos, as estrelas gêmeas centrais irão se expandir à medida que envelhecem e eventualmente irão se fundir, desencadeando uma explosão de supernova. Mesmo com essa explosão, é improvável que ela afete qualquer vida em possíveis planetas próximos, já que parece não haver planetas habitáveis no sistema.
Saul Rappaport, físico do MIT, explicou que as estrelas provavelmente se formaram juntas, o que teria impedido a formação de planetas muito próximos.
Observações e promessas para o futuro
A equipe detectou o TIC 290061484 através do padrão de eclipses das estrelas enquanto cruzavam em frente umas às outras, visto da Terra. Para processar a vasta quantidade de dados do TESS, eles usaram machine learning, com a ajuda de cientistas cidadãos para filtrar sinais interessantes.
Segundo Rappaport, esses sistemas triplos são raros, mas podem ser mais comuns do que se pensava. E com o lançamento planejado do Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, em 2027, será possível observar o universo com uma resolução muito maior do que a do TESS. Enquanto o TESS capta uma visão ampla do céu, o Roman proporcionará um “zoom” muito mais detalhado. Para se ter uma ideia, um único pixel de uma imagem do TESS será equivalente a 36.000 pixels nas imagens do Roman.
O Roman poderá observar o coração da Via Láctea, onde as estrelas estão muito próximas umas das outras, permitindo estudar sistemas estelares complexos e descobrir estrelas que até então estavam “borradas” nas imagens de baixa resolução. Além disso, ele pode ajudar encontrando sistemas com mais de três estrelas, talvez até seis, orbitando como abelhas em uma colmeia.
Tamás Borkovits, do Observatório de Baja, na Hungria, comenta que antes de encontrarmos sistemas triplos eclipsantes, não esperávamos que existissem. Agora, com o Telescópio Roman, poderemos fazer descobertas ainda mais surpreendentes sobre esses sistemas estelares.
Publicado em 05/10/2024 00h50
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