Mudanças na gravidade da Lua sugerem movimentação inesperada nas suas profundezas

(NASA / Theophilus Britt Griswold / Sander Goossens / Isamu Matsuyama / Gael Cascioli / Erwan Mazarico)

doi.org/10.1029/2024AV001285
Credibilidade: 989
#Lua 

Um novo estudo sugere que entre o manto rochoso da Lua e seu núcleo metálico sólido existe uma camada parcialmente derretida. Essa descoberta está sendo considerada após a análise de mudanças em sua forma e gravidade.

Pesquisadores do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA, e da Universidade do Arizona examinaram dados que mostram a rigidez da Lua sob a influência gravitacional da Terra e do Sol. A pesquisa indica que é improvável que toda a massa lunar seja completamente sólida.

Na verdade, o manto da Lua parece ter uma camada espessa e viscosa que sobe e desce, semelhante às marés da Terra. “A modelagem do interior indica que esses valores só podem ser explicados com uma zona de baixa viscosidade (LVZ) na base do manto lunar”, escrevem os pesquisadores em seu artigo.

A ideia dessa camada não sólida existe há décadas, mas até recentemente não havia dados suficientes para confirmar sua presença. Com a influência gravitacional da Terra e do Sol, a Lua passa por efeitos de maré – não em relação a oceanos, mas como deformações físicas em sua forma e campo gravitacional.

Nesta pesquisa, a equipe usou novos dados obtidos pela missão GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory) e pelo Orbitador de Reconhecimento Lunar da NASA. Essas medições permitiram que os cientistas calculassem mudanças nas marés lunares ao longo do ano pela primeira vez.

Modelos computacionais sugerem que uma camada parcialmente viscosa deve existir abaixo do manto sólido para que os números se ajustem, o que levanta novas perguntas: como essa camada se formou e o que a mantém quente? Para os pesquisadores, o mineral óxido de titânio-ferro, conhecido como ilmenita, pode estar envolvido.

“A presença de uma LVZ na base inferior do manto lunar pode ser explicada por uma fusão parcial em uma camada rica em ilmenita, semelhante ao que foi inferido recentemente em Marte a partir de dados sísmicos”, explicam os cientistas.

Assim como nos estudos sobre a Terra, para entender o que acontece a centenas de quilômetros abaixo da superfície da Lua, é necessário um pouco de suposição, mas baseada em conhecimento sólido sobre a formação de luas e planetas.

Sabemos que o manto acima dessa LVZ é formado principalmente pelo mineral olivina, o que indica uma longa história de bilhões de anos. Com a possibilidade de estabelecer uma base permanente na Lua nos próximos anos, dados sísmicos da própria superfície lunar poderão nos ajudar a entender melhor o que ocorre abaixo.

“A existência dessa zona tem profundas implicações para o estado térmico e a evolução da Lua”, afirmam os pesquisadores.


Publicado em 04/10/2024 18h58

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