Ilha das Cobras: a ilha cheia de víboras onde apenas militares e cientistas brasileiros são permitidos

A lança dourada (Bothrops insularis) é uma das cobras mais venenosas da América do Sul. (Crédito da imagem: caio adquirido via Getty Images)

#Fauna 

A Ilha das Cobras foi isolada do continente brasileiro no final da última era glacial, prendendo a única população conhecida da Terra de víboras douradas altamente venenosas em uma rocha no Atlântico.

A Ilha das Cobras é uma pequena ilha arborizada na costa do Brasil que se contorce com milhares de víboras venenosas.

As cobras, que crescem até 1,2 metros de comprimento, são víboras douradas (Bothrops insularis).

Eles são tão venenosos que a marinha brasileira fechou a ilha ao público desde a década de 1920.

A ilha fica a cerca de 34 quilômetros da costa sudeste do Brasil e cobre uma área de 43 hectares, o que equivale a cerca de 80 campos de futebol americano.

A floresta tropical cobre mais da metade da ilha, enquanto o resto é composto por rochas e pastagens áridas.

A Ilha das Cobras já esteve ligada ao continente, mas o aumento do nível do mar submergiu a ponte de terra há cerca de 10.000 anos, no final da última era glacial.

Esta separação prendeu uma população de lanças douradas na ilha, onde as cobras rapidamente se adaptaram às condições e se multiplicaram.

Seu veneno evoluiu para matar as espécies que ficaram presas com eles, bem como as aves migratórias.

A Ilha das Cobras é desprovida de mamíferos, então as lanças douradas não têm predadores naturais; seu veneno é destinado à caça de presas, e não à defesa.

A pesquisa sugere que seu veneno é o de ação mais rápida de qualquer cobra-lança (Bothrops) e cinco vezes mais potente que o de uma espécie intimamente relacionada (Bothrops jararaca) que vive no continente, provavelmente porque a captura de pássaros requer uma morte rápida.

A Ilha da Cobra fica a 34 km da costa sudeste do Brasil, no Oceano Atlântico. (Crédito da imagem: Leo Francini / Alamy Stock Photo)

O veneno da lança dourada também tem ação rápida em humanos.

As picadas causam sintomas que vão desde dor local e inchaço até náuseas, sangramento intestinal, insuficiência renal e morte de tecidos.

Apesar desses riscos, algumas pessoas habitaram a Ilha das Cobras até a década de 1920 para operar um farol que foi construído em 1909.

Embora seja provável que as últimas pessoas tenham partido quando o farol foi automatizado, rumores locais sugerem que o último guardião e sua família morreram devido às picadas de cobras que entraram furtivamente em sua casa através de uma janela.

Os pesquisadores estimam que entre 2.000 e 4.000 lanças douradas vivam na Ilha das Cobras.

A espécie não foi encontrada em nenhum outro lugar do mundo e está listada como criticamente ameaçada na Lista Vermelha da IUCN.

A Ilha das Cobras está protegida como área de interesse ecológico desde 1985; apenas a Marinha brasileira e equipes de pesquisa com dispensas especiais têm permissão para acessar a ilha.

Mas os caçadores furtivos também se dirigiram à ilha para capturar cobras e extrair o seu veneno, que é altamente valorizado no mercado negro, segundo a BBC Science Focus.

Os cientistas pensam que o número destas cobras está a diminuir, em parte devido ao comércio ilegal, mas também devido a doenças e endogamia.


Publicado em 21/05/2024 21h22

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