Berçários de novos planetas, os discos protoestelares são faixas oblatas de gás e poeira que giram em torno de estrelas recém-formadas. A Terra e os outros planetas do sistema solar nasceram desse disco.
Agora, Satoshi Ohashi do RIKEN Star and Planet Formation Laboratory e seus colegas estudaram um disco protoestelar em uma das regiões de formação de estrelas mais próximas da Terra.
Usando dados do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile e do Jansky Very Large Array (VLA) no Novo México, eles descobriram que o disco é 80 a 100 vezes maior que a distância do Sol à Terra, um intervalo conhecido como uma unidade astronômica.
O disco é instável e colapsa em uma região a cerca de 20 unidades astronômicas de sua jovem estrela. O VLA já havia identificado vários aglomerados de matéria na mesma área, e sua formação pode ser impulsionada por essa instabilidade gravitacional.
“Esses aglomerados podem ser os precursores de planetas gigantes gasosos, já que são massivos e densos”, diz Ohashi. Se essa identificação estiver correta, isso implicaria que a formação de planetas pode começar surpreendentemente cedo nos discos protoestelares.
Os pesquisadores também mediram a temperatura da poeira em diferentes partes do disco. O disco é aquecido pela radiação da estrela, então a temperatura da poeira deve diminuir gradualmente a distâncias maiores da estrela.
A poeira perto da estrela pode atingir -193 graus Celsius (-315,4 Fahrenheit) relativamente quente. Mas do outro lado dos aglomerados, a temperatura da poeira caiu drasticamente. Isso sugere que os aglomerados estão bloqueando a radiação da estrela, esfriando qualquer poeira em sua sombra. Nas partes mais externas do disco, a temperatura da poeira cai para cerca de -263 graus Celsius (-441,4 Fahrenheit) – apenas 10 graus acima do zero absoluto.
Este ambiente frio e sombreado pode afetar a composição química dos planetas que se formam nas regiões externas do disco, diz Ohashi.
Essa descoberta pode ajudar os astrofísicos a entender as origens de planetas gelados como Urano e Netuno que orbitam nosso próprio sol. “Sugere-se que nosso sistema solar também formou uma região sombreada no passado”, diz Ohashi.
A equipe agora espera observar outros discos protoestelares, com maior resolução espacial e sensibilidade, para avaliar se esse efeito de sombreamento é comum.
Publicado em 28/11/2022 11h13
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