Pessoas com doença de Parkinson avançada muitas vezes lutam para andar mais do que alguns passos ou dormir durante a noite, mas uma nova pesquisa oferece esperança de alívio desses dois sintomas debilitantes.
Sofrida por milhões em todo o mundo, a doença degenerativa corrói as funções motoras e, em seus estágios posteriores, muitas vezes confina os pacientes a uma cama ou cadeira de rodas.
Isso se deve a uma condição chamada hipotensão ortostática, que ocorre quando uma pessoa se levanta e sua pressão arterial cai, causando tontura e até desmaio após alguns passos.
Para quem sofre de Parkinson, isso acontece porque um regulador no cérebro – que normalmente garante fluxos sanguíneos suficientes para o cérebro quando nos levantamos – foi interrompido.
Mas uma nova pesquisa francesa publicada no New England Journal of Medicine na semana passada descobriu que um implante de medula espinhal pode ajudar pacientes avançados de Parkinson a se recuperarem.
Qualidade de vida melhorou
No início deste ano, os neurocirurgiões Jocelyne Bloch e Gregoire Courtine revelaram que esse implante permitiu que três pessoas paralisadas voltassem a andar.
Ambos também estiveram envolvidos na pesquisa mais recente, que testou um implante semelhante em uma mulher de 48 anos.
Embora a mulher não tivesse Parkinson, ela apresentava sintomas semelhantes – incluindo hipotensão ortostática – que foi inicialmente diagnosticada com a doença.
Para pessoas paralisadas, o implante da medula espinhal imita como o cérebro envia pulsos elétricos para os músculos, reconectando um link rompido.
Mas para a hipotensão ortostática, estimula o regulador no cérebro que sente a necessidade de enviar mais sangue quando as pessoas ficam em pé.
Antes de receber o implante, a mulher desmaiava depois de alguns passos.
Três meses após a cirurgia, ela conseguiu andar mais de 250 metros com a ajuda de um andador, segundo o estudo.
“Ela não está curada, não correria uma maratona, mas esta cirurgia claramente melhorou sua qualidade de vida”, disse Bloch à AFP.
No entanto, é um caso único e mais pesquisas são necessárias, principalmente envolvendo pacientes com Parkinson.
Ainda não é certo que a forma de hipotensão ortostática observada em pacientes com Parkinson possa ser corrigida apenas pela estimulação do regulador alvo do implante.
Bomba anti-insônia
A insônia é outro flagelo comum dos 10 milhões de portadores de Parkinson em todo o mundo, mais de três quartos dos quais têm sintomas relacionados ao sono, de acordo com a Fundação Parkinson.
O sono pode ser afetado por tremores descontrolados que acordam os pacientes, enquanto outro fator é a falta de dopamina, comum em pessoas com Parkinson.
O medicamento apomorfina é normalmente usado para substituir a dopamina, diminuindo sintomas como tremores e rigidez.
Mas quando tomado por via oral, a droga pode fazer com que a dopamina aumente e depois caia, levando a espasmos musculares.
Um dispositivo semelhante a uma bomba de insulina que fornece apomorfina contínua durante toda a noite pode resolver o problema, de acordo com um estudo publicado na revista Lancet Neurology na quinta-feira.
O coautor Emmanuel Flamand-Roze liderou pesquisas anteriores indicando que essa bomba ajudaria no Parkinson, mas o novo estudo analisou como isso ajudava no sono.
O estudo randomizado descobriu que aqueles que usaram a bomba “melhoraram significativamente” o sono em comparação com aqueles que receberam um placebo.
Flamand-Roze disse à AFP que “as restrições relacionadas ao uso de uma pequena bomba” são muito menores durante a noite, em comparação com o transporte de um dispositivo durante todo o dia.
No entanto, como o estudo teve um tamanho de amostra pequeno – menos de 50 pessoas – e se concentrou em pessoas em estágio já avançado de Parkinson, são necessárias mais pesquisas.
Publicado em 18/04/2022 05h14
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