Os tomates têm uma espécie de sistema nervoso que avisa sobre ataques

As plantas de tomate cereja têm uma espécie de sistema nervoso – Shutterstock / Digihelion

Os tomates que estão sendo comidos por insetos usam sinais elétricos para enviar um alerta para o resto da planta, semelhante à forma como nosso sistema nervoso avisa sobre danos.

As mensagens parecem ajudar a planta a reunir defesas, como a liberação de peróxido de hidrogênio, uma substância química reativa que combate infecções microbianas em tecidos danificados, descobriu um estudo.

O sistema nervoso humano usa células especializadas chamadas neurônios para enviar sinais elétricos entre diferentes partes do corpo. As plantas não têm neurônios, mas têm tubos longos e finos chamados xilema e floema para mover a seiva entre suas raízes, folhas e frutos. Íons carregados que fluem para dentro e para fora desses tubos podem propagar sinais elétricos em diferentes partes da planta de maneira semelhante aos neurônios, embora se saiba muito menos sobre o processo nas plantas do que nos animais.

Trabalhos anteriores descobriram que folhas fisicamente danificadas enviam sinais elétricos para outras folhas. Em um novo estudo, Gabriela Niemeyer Reissig, da Universidade Federal de Pelotas, no Brasil, e seus colegas investigaram se isso poderia acontecer com frutas.

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Eles estudaram pequenas plantas de tomate cereja (o tomate é uma fruta, botanicamente falando) colocando-as dentro de gaiolas de Faraday, que bloqueiam campos elétricos externos, e as lagartas da mariposa Helicoverpa armigera confinadas na superfície das frutas dentro de sacos plásticos.

Eletrodos colocados nos caules das frutas mostraram que os padrões de atividade elétrica mudaram durante e depois que as lagartas começaram a comer. Eles também variaram dependendo se os frutos eram maduros ou verdes. “A atividade elétrica da fruta muda constantemente a cada segundo”, diz Niemeyer Reissig. “Podemos encontrar um padrão [distinto] na atividade elétrica quando um inseto ataca.”

Houve também um aumento nos níveis de peróxido de hidrogênio produzido por frutas e folhas intocadas em toda a planta atacada. “Isso provavelmente é para evitar infecções microbianas de tecidos danificados de plantas ou como estratégia para causar morte celular na região afetada, evitando a disseminação de patógenos”, diz Niemeyer Reissig.

Referência da revista: Frontiers in Sustainable Food Systems, DOI: 10.3389 / fsufs.2021.657401


Publicado em 27/07/2021 14h05

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